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Cantores e músicos ganham espaço só deles em bares de BH

Zevinipim foi uma das atrações do Jacinta, que aposta nos jovens talentos musicais de BH - Foto: Beth Freitas/divulgação

Bar com música ao vivo: há quem ame, mas há também quem não passe nem perto da modalidade cover voz e violão. Algumas casas de Belo Horizonte têm apostado no filão ao vivo – a boa notícia é que a música é o prato principal, não apenas pano de fundo entre uma cerveja e outra. Há seleção de artistas, muitos com trabalhos autorais, e respeito tanto por quem está no palco quanto por quem está na plateia.

Cantora e professora de canto, Celinha Braga teve sua própria escola na Pampulha por 25 anos. A crise a levou a fechá-la e se voltar para a Zona Sul. Há seis meses com novo endereço, ela inaugurou a Casa Outono, referência à rua do Bairro do Carmo onde está localizada. Café e bar, é um espaço compartilhado – com aulas de música da própria Celinha e de teatro com João Melo (ex-integrante do grupo Ponto de Partida); o Museu de Grandes Novidades (empresa de decoração de eventos); e o estúdio da fotógrafa Carola Machado.

A cantora Patrícia Ahmaral será a atração desta sexta na Casa Outono - Foto: Kika Antunes/divulgação
“Minha ideia foi criar um espaço de cultura, com roda de conversa e livro em cima da mesa”, conta Celinha. Nas noites de sextas e sábados, o espaço no fundo da casa, com capacidade para 80 pessoas, recebe shows – nesta sexta-feira (8), por exemplo, a atração será a cantora Patrícia Ahmaral, que ao lado dos violonistas Rogério Delayon e Bruno Egler apresenta o show A outra beleza.

“Na hora do show não tem conversa, é silêncio mesmo. Antes, falo para as pessoas fazerem seus pedidos e passamos a ter atendimento discreto, de reposição”, comenta Celinha.
Os shows começam pontualmente às 20h30 e não passam das 22h. Um bom time de músicos mineiros já passou por lá: Toninho Horta, Affonsinho, Célio Balona, Tadeu Franco, Juarez Moreira e Chico Amaral, entre eles.
Com clima intimista, Baretto tem capacidade para 60 pessoas - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press
PALCO NO POMAR
Uma pá de artistas locais também vem se apresentando no Espaço Cultural Bentealtas Musical, na Nova Suissa. O lugar funciona na antiga casa de Alcides e Stela Ornelas, cujo passado é ligado à música. Dos seis filhos do casal, dois são do ramo: os instrumentistas, arranjadores e compositores Nivaldo e Cid Ornelas. Esse último idealizou o espaço cultural, em atividade há dois anos. O antigo pomar da casa da família foi adaptado, ganhou palco e tem capacidade para receber 100 pessoas.

Um dos 10 lugares de Belo Horizonte que receberam a placa do Museu Clube da Esquina, o Bentealtas – referência à música e ao álbum homônimos de Cid – já recebeu shows de Wagner Tiso, Celso Adolfo, Marilton Borges e Rodrigo Borges.

Em seu segundo ano de atividade, o Jacinta, misto de choperia, restaurante e casa de shows, tem dedicado a terça e a quarta-feira a artistas e grupos locais, sobretudo da nova geração. São minitemporadas de três a seis apresentações, possibilitando, por exemplo, que uma banda aumente seu público.

 “A música sempre ocupou um espaço importantíssimo aqui.
A casa não tem música ambiente. Seja DJ ou banda, sempre há cuidado com o que se vai tocar. Tem gente que vai ao Jacinta porque quer ouvir música”, comenta Vinicius Resende, proprietário da casa e responsável pela curadoria de atrações.

Funcionando em um antigo galpão no Bairro Santa Efigênia, o Jacinta tem ambiente integrado (com pé-direito alto), que pode mudar de acordo com o evento. Pode ser um palco/tablado, com pista na frente e mesas na parte lateral e no mezanino. Já as noites de terça têm pegada mais rock e música brasileira; as de quarta, mais de música negra.

“Nossa intenção é manter a casa sempre viva. Tanto que o público desses dias é bem diferente daquele que vai na sexta e no sábado (quando o espaço lota, no formato mais de balada)”, continua Vinicius.

A partir de 17 de novembro, Jacinta dá início a outro projeto de música ao vivo. Até o final do ano, em todos os domingos, o fim de tarde será dedicado ao samba do bloco Seu Vizinho, do Aglomerado da Serra.

PROGRAMAÇÃO

>> BARETTO – HOTEL FASANO

Rua São Paulo, 2.320, Lourdes, 
(31) 3500-8900.  De quinta a sábado, a partir das 21h. Os shows começam às 23h.
Nesta sexta (8), apresenta-se Renata Araújo; no sábado (9), Jess.  Couvert artístico: R$ 60.

>> CASA OUTONO

Rua Outono, 571, Carmo, (31) 99906-0624.  De segunda a sábado, das 14h às 22h. Shows na sexta e sábado, às 20h30. Nesta sexta (8), apresenta-se Patrícia Ahmaral. Couvert artístico: R$ 30. No sábado (9), vão cantar Lu e Celinha. Couvert artístico: R$ 25.

>> ESPAÇO CULTURAL BENTEALTAS MUSICAL

Rua Java, 386, Nova Suissa, (31) 2531-0047. Sexta e sábado, a partir das 20h. Nesta sexta (8), a partir das 21h, show da banda Equatorial. Couvert artístico: R$ 20. Ingressos disponíveis no site Sympla.

>> JACINTA

Rua Grão Pará, 185, Santa Efigênia, (31) 97116-2900.
De terça a sexta, das 11h30 às 14h30 e das 18h à 1h; sábado, das 9h às 2h; domingo, das 9h às 22h. Shows terças e quartas, às 21h30. Na terça (12), apresentação de Dom Pepo. Na quarta (13), Loquaz. No domingo (17), a partir das 17h, a casa dá início à temporada de samba com o bloco Seu Vizinho. Ingressos: R$ 12 a R$ 20.

Qualidade é a meta

Prestes a completar seu primeiro ano, o Baretto, o bar do hotel Fasano, vem se firmando como um espaço único em BH. “(A pretensão) Não é ser o bar do momento, da moda, que depois de um tempo deixa de ser. O negócio é a longo prazo, ter um espaço em que a música de qualidade é ponto de referência”, afirma o DJ Nezt, que responde pela curadoria da casa.

Funcionando de quinta a sábado sempre com shows, o Baretto tem dado muito espaço a intérpretes cujo repertório mistura jazz e música brasileira. Neste fim de semana, as atrações serão as cantoras Renata Araújo e Jess.

Pequeno e comportando 60 pessoas sentadas (mas isso não impede que nas noites mais animadas o bar se transforme em balada, com gente trançando de um lado para o outro), o Baretto tem um clima de intimidade.

Não há palco. Os músicos se apresentam no chão, bem próximos do público.
Um piano três quartos cauda é a atração, tanto que boa parte das formações são quartetos, com voz, piano, baixo e bateria.

“Baretto é um bar, não é casa de show. Tanto que trabalho autoral não é a linha do local. As pessoas vêm escutar a música que conhecem, seja jazz, soul, bossa nova ou MPB”, conclui Nezt.
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