“É ingênuo pensar que um artista vive tudo o que canta”, avalia o cantor e compositor pernambucano Johnny Hooker, enquanto se prepara para o encerramento da turnê Coração, que passará pela última vez por Belo Horizonte nesta quinta-feira (6). Na visão de Hooker, canções são como contos e crônicas – ou seja, ficções. “Nossa experiência de vida se concretiza na arte. Porém, há músicas que são mais biográficas e outras menos. Essa é a mágica”, diz o cantor.
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No ano passado, foi nomeado pela ONU Brasil como campeão da igualdade na campanha de Livres & Iguais, título conferido a quem apoia oficialmente a iniciativa das Nações Unidas pela igualdade de direitos. Em Flutua, ao lado de Liniker, Hooker já havia dado um aviso: “Ninguém vai poder querer nos dizer como amar.”
Para quem se define como “uma mulher em fúria no corpo de um homem com os olhos marejados de lágrimas”, o conceito da androgenia sempre foi algo presente. “A dualidade do personagem Johnny Hooker é muito inspirada na minha mãe, que sempre foi muito andrógena.
TURNÊ
Além das capitais brasileiras escolhidas para receber o encerramento de Coração, Johnny Hooker fará shows em alguns países da Europa. A apresentação final será em Lisboa, em 22 de junho, na vigésima Marcha do Orgulho LGBTI%2b. Há planos para outros shows no Nordeste após a investida europeia.
Sem entregar muito, o artista adianta um novo disco inspirado em São Paulo, onde mora há dois anos. A proposta segue o mote dos trabalhos anteriores, o primeiro gravado no Recife, e o segundo no Rio. Hooker promete um álbum mais sombrio do que Coração, “tal como os tempos que estamos vivendo”, avisa.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Eduardo Murta
JOHNNY HOOKER
Nesta quinta-feira (6), às 21h. Turnê Coração. Grande Teatro do Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3270-8100.