Orquestra Filarmônica faz concerto com trilhas de 'ET' e 'Poderoso Chefão'

No programa Fora de Série, Filarmônica de Minas Gerais executa trilhas antológicas de filmes, assinadas por seis grandes compositores. Haverá exibição de trechos de longas

por Mariana Peixoto 05/05/2019 06:00
Alexandre Rezende/Divulgação
Alexandre Rezende/Divulgação (foto: Alexandre Rezende/Divulgação)

O que seria de Psicose (1960) sem a música de Bernard Herrmann? Como desvincular a Pantera Cor-de-rosa da criação de Henry Mancini? Há trilhas sonoras que, de tão fortes, se tornaram indissociáveis de personagens ou histórias. “Trilha sonora original não é música de segundo plano, não é comercial”, afirma Marcos Arakaki, regente associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Logicamente, o maestro está se referindo às grandes trilhas, compostas por autores igualmente grandes. E um pequeno grupo deles terá suas criações executadas neste fim de semana. Dedicando a temporada 2019 à conexão da música com outras artes, o programa Fora de Série, na Sala Minas Gerais, destacará neste domingo (5), temas de seis compositores que atuaram para o cinema – no caso de John Williams, o único deles vivo, ainda na ativa.

A Filarmônica vai executar peças de Erick Korngold (do filme Capitão Blood, de 1935, dirigido por Michael Curtiz com Errol Flynn no papel-título), Nino Rota (de O poderoso chefão, produção de Francis Ford Coppola, de 1972), Camargo Guarnieri (o brasileiro compôs a Suíte Vila Rica para o longa mineiro Rebelião em Vila Rica, que os irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira lançaram em 1957), Paul Dukas (que compôs O aprendiz de feiticeiro, incluída no filme da Disney Fantasia, de 1940), George Gershwin (autor de Um americano em Paris, música que se tornou tema do musical homônimo de 1951, conhecido no Brasil como Sinfonia de Paris).

Já o oscarizado Williams (recebeu cinco prêmios da Academia de Hollywood), o maior compositor de trilhas sonoras – autor de Tubarão, Contatos imediatos de terceiro grau e Guerra nas estrelas, entre centenas de outras – terá executados temas de ET: O extraterrestre, que Steven Spielberg lançou em 1982.

“Dentro da música de cinema existe uma infinidade de obras muito interessantes feitas por compositores importantes. A principal ideia do extrato escolhido foi por apresentar diferentes correntes que contribuíram para a consolidação da trilha, sobretudo no século 20. O cinema abriu o mercado para compositores”, lembra Arakaki. Desta maneira, autores que não tinham condições de se dedicar exclusivamente à música de concerto foram atuais também no cinema. “Korngold é um nome superimportante da música de cinema e escreveu muito para cinema, por exemplo”, completa o maestro.

Da seleção do Fora de Série, Arakaki se lembra de que a música de Paul Dukas é uma exceção. “O aprendiz de feiticeiro foi um processo ao contrário. Não veio com o filme. A música é que virou desenho animado”, diz ele, referindo-se à animação que tem Mickey Mouse como protagonista. Assim como em outras edições do Fora de Série, nesta também haverá um complemento à música orquestral – serão exibidos trechos dos filmes escolhidos.

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Programa Fora de Série – Música e cinema
>> Neste domingo (5), às 18h, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Ingressos: R$ 46 (coro) a R$ 140 (camarote). Valores de entrada inteira.

Em alta
O primeiro CD da série Brasil em Concerto, lançado pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, com obras do compositor Alberto Nepomuceno, foi eleito pela Gramophone, conceituada revista inglesa dedicada à música de concerto, como um dos melhores novos álbuns de música clássica. Projeto realizado em parceria com o Itamaraty, a gravadora Naxos, a Filarmônica, a Osesp e a Filarmônica de Goiás, O Brasil em concerto vai, ao longo de cinco anos, gravar 100 obras sinfônicas brasileiras. Neste mês a orquestra mineira grava um novo CD do projeto: obras do compositor Almeida Prado, com a participação da pianista Sonia Rubinsky.

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