No novo disco 'DNA', Backstreet Boys não negam a alma romântica

Hoje quarentão, o quinteto continua cantando sobre o amor para adolescentes e tenta fazer uma ponte com a produção de artistas atuais

por Pedro Galvão 25/01/2019 23:03
Rich Fury/AFP
Rich Fury/AFP (foto: Rich Fury/AFP)
Hoje, eles são um quinteto de quarentões, mas ainda capazes de transportar os fãs para a adolescência. Ontem (25), os Backstreet Boys lançaram DNA, o nono álbum de inéditas do grupo. Disponível nas principais plataformas digitais, o disco de 12 faixas faz jus ao título, sendo fiel à genética que consagrou a boy-band como um dos maiores sucessos da música pop dos anos 1990.

Um dos três singles anteriores ao lançamento, Don’t go breaking my heart, abre o trabalho mostrando que Nick Carter (o único com menos de 40) e seus companheiros não abriram mão dos vocais agudos e do refrão facilmente decorável para falar de amor de forma simplória. Até o título lembra um dos maiores sucessos deles: I’ll never break your heart (1995). Por outro lado, os arranjos e a batida R&B permitem que a música se misture aos hits contemporâneos, de artistas que ainda eram crianças quando I want it that way e Everybody foram lançadas.

A conexão com a nova geração é bem-feita, tanto que Shawn Mendes, nascido em 1998 – quando os Backstreet Boys dominavam as paradas mundiais –, é autor da letra de Chances, outro single que havia antecipado o que se encontraria em DNA, assim como No place, cujo clipe ressalta a maturidade dos cinco integrantes, com cena de cada um deles com suas famílias, filhos e esposas.

Nas nove faixas inéditas, é possível encontrar uma unidade semelhante, da qual Passionate se torna exceção, por ser alguns BPMs mais dançante, enquanto Breathe, ao contrário, é mais lenta, ritmada apenas pelas vozes dos cantores e efeitos que simulam palmas. Se quase todas as músicas falam sobre amenidades amorosas, em New love o assunto é menos indicado para menores de idade, incluindo até certa controvérsia nos versos. “Eu não sei se você rola por cima de mim em quarto escuro /E eu não quero saber seu nome/Apenas deixe-me fazer o que eu faço, oh yeah baby”, diz uma das estrofes.

ROMANCE

Embora a ideia central da letra seja um romance de apenas uma noite, pode soar desajustado, sobretudo se for levado em conta que Nick Carter foi acusado de estupro pela cantora Melissa Schuman. Em 2017, ela publicou uma denúncia por um episódio ocorrido em 2002, quando tinha 18 anos e ele, 22. Carter não chegou a ser processado, pois o caso já prescrevera, e negou publicamente o crime, assumindo que já se relacionou com Melissa, mas sempre de forma consensual.

Mesmo com essa grave acusação, Nick Carter e os outros “Boys” ainda se aproveitam de uma enorme popularidade planetária. Independentemente de seu resultado nas paradas de sucesso, DNA foi lançado com muitas datas de turnê já marcadas nos Estados Unidos e na Europa, onde se supõe que haverá um público ávido pela viagem musical nostálgica aos anos 1990. “Nossas admiradoras já não têm 10 ou 11 anos, são adultas, são mamães. Agora, quando nos veem em um restaurante dizem: ‘Oh, podemos tirar uma foto?’. Não mais ‘Aaahhh...!’, declarou recentemente A.J McLean. Em 2015, ainda na turnê do álbum In a world like this, de 2013, o grupo veio a Belo Horizonte e se apresentou no KM de Vantagens Hall com casa cheia.

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