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Marielle inspira letra de novo CD de Edi Rock, dos Racionais MCs


Este ano, o Racionais MCs entrou de férias. Cada integrante foi cuidar de sua carreira individual. Edi Rock prepara o segundo disco solo, Mano Brown percorre o país com a turnê do álbum Boogie Naipe, KL Jay vai lançar Na batida vol.2 em novembro. Todos têm mandado singles para a internet.

Edi Rock acaba de divulgar o clipe Sonhos em construção, com a cantora Simone Brown, falando de suas origens na periferia paulistana. Outro parceiro dele é Alexandre Carlo, da banda de reggae Natiruts. Na romântica e suingada Special, a dupla fala das meninas pretas do Brasil. Ambas fazem parte do álbum solo previsto para 2019.

O novo projeto de Edi vai cantar a liberdade, a vida, “a poesia que não morreu”, conta ele. Direitos humanos, amor e um futuro melhor são temas das letras do disco, que ainda não tem título.
Uma das faixas se inspira no legado da vereadora Marielle Franco (1979-2018), assassinada brutalmente no Rio de Janeiro. “Ela defendia a vida, a periferia, os negros”, diz Edi.

Execuções como a de Marielle são recorrentes no país, lembra. “Grupos de extermínio agem com aval e liberdade, e isso só tende a piorar.”

Uma das faixas será Corre, neguinho – samba-rap que terá a participação de Xande de Pilares, fortalecendo a aliança Rio-São Paulo. “Corre, neguinho/ Corre/ Você não morre/ Antes do amanhã/ Na boca do revólver/ Não tem talismã”, diz a letra.

 

 

 



SOFRÊNCIA Outra convidada é Marília Mendonça, a diva do feminejo. Os dois ainda não compuseram a canção, mas Edi adianta: a letra vai falar de perda, dor, despedida. Resumindo, de sofrência.

O próximo clipe de Edi Rock terá como convidado MC Pedrinho, expoente do funk ousadia. O garoto vai cantar rap, adianta o veterano do Racionais.

Froid e Cynthia Luz, destaques da nova cena do hip-hop, também dividirão o microfone com ele.

Com 10 a 12 faixas, o álbum celebrará a diversidade. Edi conta que ouve rap, reggae, rock, samba. E está atento à batida do funk, sem preconceito. Ele não teme a rejeição dos fãs do Racionais a tanto ecletismo. “Minha raiz é o rap, mas respiro o Brasil, não posso ignorar o que a gente ouve. Eu faço música”, diz.

Em seu segundo álbum solo, Contra nós ninguém será (2013), Edi celebrou essa liberdade – reggae, samba, R&B, rock e até “sofrência cubana” (na voz de Marina de La Riva) se uniram a seu rap. O outro solo dele é Rapaz comum, EP que saiu em 1999.

GLOBO
O disco do rapper é parceria com a Som Livre. Ele diz ter liberdade total para gravar o que quiser.
Indagado sobre a histórica resistência do Racionais à Globo, dona da gravadora, explica que uma coisa é a banda, outra os projetos individuais de seus integrantes.

O rapper lembra que participou de vários programas da emissora, sempre defendendo suas próprias ideias. “Racionais somos nós quatro juntos. Agora, cada um tem o seu corre individual. Mas onde a gente vai, leva a responsabilidade do Racionais.” Explica que escolhe parceiros que lhe permitam ampliar o alcance de seu trabalho.

Aos 47 anos, Edi Rock criou a própria produtora, a Roc 7, para cuidar de sua carreira solo. De acordo com ele, dá para compatibilizar os projetos individuais dos integrantes do Racionais com os compromissos da banda. “Racionais é a minha mãe, mas uma hora a gente tem de sair de casa, né? Todo mundo precisa de ter a sua casa própria”, compara.

Aliás, as férias do quarteto vão acabar em breve. Em 24 de novembro, Edi, Mano Brown, KL Jay e Ice Blue se apresentam no Credicard Hall, em São Paulo, com banda e convidados. Em 2019, a turnê dos 30 anos do Racionais vai percorrer o país. Disco não está previsto, mas singles de inéditas vêm por aí, promete Edi.


SONHOS EM CONSTRUÇÃO
• Edy Rock e Simone Brown
• Som Livre
• Disponível no YouTube

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