Trio apresenta show em homenagem a Inezita Barroso

Lui Coimbra, Ceumar e Paulo Freire trazem 'Viola perfumosa' a Belo Horizonte

por Carolina Cassese* 07/09/2018 10:07
Leo Aversa/ Divulgação
(foto: Leo Aversa/ Divulgação)

O trio Viola Perfumosa, que reúne a mineira Ceumar, o carioca Lui Coimbra e o paulista Paulo Freire, apresenta em BH o show em homenagem a Inezita Barroso, a dama da música caipira. Os três lançam seu primeiro CD, batizado com o nome do coletivo, e prometem relembrar as canções de Inezita – dos sucessos (Moda da pinga) às menos conhecidas (Bolinho de fubá).

Ceumar é cantora, Lui Coimbra é violoncelista e violonista, Paulo Freire é um dos violeiros mais respeitados do país. Além de cantar, os três vão se alternar entre vários instrumentos. A proposta surgiu de Renata Grecco, produtora do encontro.

O trio fez intensa pesquisa sobre Inezita Barroso. “Foi impressionante conhecer todo o legado dela e perceber como essa mulher conseguiu realizar tanta coisa no Brasil, que dá tão pouco incentivo para a arte”, afirma Ceumar. Além de cantora e apresentadora de TV, Inezita foi atriz, folclorista, pesquisadora e professora, lembra ela.

Paulo Freire, que toca viola caipira no show, diz que poderia “ficar três horas apenas enumerando fatos importantes da vida de Inezita”. Sua ligação com ela se fortaleceu quando participou da exposição Ocupação Itaú Cultural, no ano passado, em homenagem à artista paulista.

Por sua vez, Lui Coimbra define Inezita como “um estopim que acende a memória afetiva”. Revela que sua ligação com a música caipira vem da infância, pois o pai sempre ouviu canções “de raiz”. Lui, que dirige o espetáculo, cita o Grupo Galpão e o escritor Guimarães Rosa como inspirações para o show por apresentarem obras de cunho popular. “Esse diálogo entre o erudito e o acessível me interessa muito”, observa.

Apresentar o espetáculo em Minas Gerais será especial, diz Ceumar. “Nosso estado tem um histórico e uma identificação muito forte com a música de viola, caipira. As pessoas daqui conseguem assimilar as canções e histórias de outra maneira”, afirma.

Paulo Freire concorda. E convida todos a homenagearem Inezita e lutar pela cultura brasileira. “Especialmente depois do incêndio que destruiu o Museu Nacional, precisamos nos unir pela arte. Inezita foi incansável nesse sentido”, conclui o violeiro.

O Cruzeiro/Arquivo EM
(foto: O Cruzeiro/Arquivo EM)
A dama caipira

Ignez Magdalena Aranha de Lima (foto), a Inezita Barroso (1925-2015), gravou cerca de 50 discos e foi incansável defensora da cultura popular. Cantora, atriz, instrumentista, folclorista, professora, apresentadora de rádio e de televisão, é doutora honoris causa pela Universidade de Lisboa por sua dedicação ao folclore brasileiro. Pianista com estudos no conservatório, foi mulher à frente de seu tempo: formou-se em biblioteconomia, dedicou-se à viola caipira numa época em que o instrumento era alvo de preconceito, viajou pelo Brasil para pesquisar a cultura do povo. Astros sertanejos de todas as gerações a reverenciam. Por muitos anos, Inezita apresentou Viola, minha viola, programa exibido pela TV Cultura de São Paulo.

CEUMAR, LUI COIMBRA E PAULO FREIRE
Homenagem a Inezita Barroso
Teatro do Centro Cultural do Minas Tênis Clube
Rua da Bahia, 2.244, Lourdes
(31) 3516-1360
Sábado (8), às 21h
R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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