Mineiro radicado nos Estados Unidos produz palhetas personalizadas para músicos e bandas do Brasil

Tudo começou quando Marcelo Leite ofereceu um presente casual para o Skank e acabou fazendo da produção de palhetas e baquetas personalizadas uma atividade profissional

por Mariana Peixoto 30/04/2018 09:11
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Marcelo Leite produz palhetas personalizadas para diversos músicos e bandas brasileiros. (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Lá se vão mais de 30 anos desde que o mineiro Marcelo Leite recebeu, num show em Las Vegas, uma palheta de Matthias Jabs, guitarrista da banda alemã Scorpions. Até então, Leite nunca havia prestado atenção naquele pequeno objeto de formato meio triangular que guitarristas e baixistas utilizam para tocar seus instrumentos. Mas ficou claro naquele momento que os fãs se debatiam para ganhar essa lembrança do ídolo.

Anos depois desse episódio, Leite, radicado nos Estados Unidos desde 1985, viu que o Skank tocaria no Central Park, em Nova York. Mesmo tendo nascido em Belo Horizonte, ele não conhecia ninguém da banda. Pois conseguiu o telefone do tecladista Henrique Portugal e ligou para ele no Brasil oferecendo palhetas personalizadas, produzidas especialmente para aquele show.

Portugal aceitou na hora e enviou a Leite o símbolo que caracteriza o Skank. Ele teve que se virar. “Quando o Henrique falou ‘OK’, eu vi que não sabia como fazer as palhetas”, conta. Ele descobriu um fabricante nos EUA, e no dia do show apareceu com o presente para a banda.

Agora, Leite é conhecido como Milke e produz palhetas personalizadas para vários músicos brasileiros. Muitos mesmo, independentemente do estilo. Além do Skank, já empunharam as palhetas customizadas músicos dos Titãs, Capital Inicial, O Rappa, Jota Quest, Tianastácia, Barão Vermelho, além de Zé Ramalho, Chitãozinho & Xororó, César Menotti & Fabiano, Bell Marques e Toninho Horta, entre outros.

PRESENTE “Só faço palhetas personalizadas (com marca, foto ou algum símbolo da banda ou artista). Quero que os fãs (que ganham o mimo de seus ídolos) se sintam presenteados, assim como eu me senti quando recebi a palheta do Matthias (Jabs)”, conta Milke. Geralmente, os músicos distribuem as palhetas ao fim do show para os fãs que vão para a cara do gol – no caso, a frente do palco.

Milke conta que o início da produção era bem diferente. “Não havia arte (a ‘marca’ da banda) colorida, só em preto e branco. Com a demanda, acabei abrindo o caminho para novos modelos.” Hoje, ele diz que existem pelo menos 200 opções de palheta, de metal, coco, osso. As mais comuns são as de celuloide, também as mais resistentes. Podem ser coloridas ou não, ter a marca impressa em um só lado ou nos dois. Vale o que o artista pedir.

A tiragem mínima é de 100 cópias (ao valor de R$ 300 o lote). E a palheta vai acompanhar o período do artista. Se ele está lançando um disco novo, por exemplo, o desenho deve ir de acordo com o trabalho. “Hoje, oriento as bandas a produzir palhetas com modelos de cada turnê”, conta Milke. As palhetas acabaram levando-o a produzir outro objeto que é puro ouro para quem gosta de memorabilia de música: as baquetas.

Milke já produziu baquetas personalizadas para Haroldo Ferretti, baterista do Skank. A amizade com os músicos o levou a investir na carreira. No último mês, com o nome de Milke MHSH, ele abriu os dois últimos shows d’O Rappa, no Rio de Janeiro. Como vive nos EUA, montou uma banda para as apresentações. Entre os músicos havia alguns de seus clientes, como o baterista Fred, ex-Raimundos.

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