Justin Timberlake volta às origens em novo trabalho, 'Man of the woods'

Em seu quinto álbum solo, cantor homenageia Memphis, sua cidade natal

Mariana Peixoto 16/04/2018 20:03

Ao lado de New Orleans e Nashville, Memphis, a cidade mais populosa do Tennessee, forma a tríade de cidades americanas sulistas mais importantes para a produção musical. Memphis será sempre lembrada como a cidade de Elvis Presley. Ainda que ele tenha nascido não longe dali, na pequena Tupelo, Mississippi, foi nessa cidade que ele estreou em disco – gravado no Sun Studio, onde também estrearam Jerry Lee Lewis e Johnny Cash – e radicou-se na lendária Graceland.

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Timberlake passeia por vários gêneros como country, soul e gospel (foto: AFP/Divulgação)

Além de ter prestado papel essencial para o rock’n’roll, Memphis ainda contribuiu (e muito) para a soul music, já que ali nasceu, no fim dos anos 1950, a Stax Records, que em seu auge teve como principal astro Otis Redding.

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Quinto disco do cantor se chama 'Man of the woods' (foto: Daniel LEAL-OLIVAS/AFP)
Pulando várias décadas no tempo, Memphis é agora referendada por um filho da terra. Em seu quinto álbum solo, Man of the woods, Justin Timberlake presta as devidas homenagens a seu local de origem. É um tiro um tanto ousado, que acerta em alguns momentos e erra em vários. Em vez de continuar na seara que fez dele o astro pop do milênio – título que vem sendo ameaçado com a ascensão de Bruno Mars – Timberlake promoveu uma volta às origens.

Com um trabalho um tanto extenso para os padrões atuais – Man of the woods traz 16 faixas – ele vai além do bem produzido pop com sotaque R&B. Aposta também no country, soul, gospel, gêneros que, historicamente, forjaram a música norte-americana.

A capa já entrega as intenções do artista. Na foto do encarte, Timberlake aparece numa floresta – na metade de cima ele veste um terno preto, vestimenta que virou marca do artista; na de baixo, jeans e camisa xadrez, tal qual o “homem do bosque” do título do álbum.

Trabalhando com os produtores que lhe trouxeram glória – Timbaland e Pharrell Williams – ele não entrega as intenções de cara. Filthy, Midnight summer jam e Sauce, as duas primeiras canções, funcionam muito bem em qualquer pista. Midnight summer jam é puro disco, enquanto Sauce tem um apelo funk.

A história começa a mudar a partir da faixa-título. Man of the woods é uma canção com um belo arranjo vocal, com uma levada folk. Higher higher é embalada por uma inspirada guitarra, enquanto Flannel bebeu na tradição gospel. Waves é a tentativa de misturar country com R&B, algo que, definitivamente, não funciona. Também é estranho ver o Timberlake família levar sua mulher, a atriz Jessica Biel, a colocar a voz em algumas faixas. Young man vai além: coloca os barulhinhos de um bebê.

Mas nem tudo está perdido. Morning light conta com a participação de Alicia Keys nos vocais, em belo dueto com Timberlake. Chris Stapleton, astro do country e do southern rock, se une a Timberlake em Say something – o resultado é um pop acessível, feito para tocar em rádio. Buscando dar um passo além, Timberlake, em Man of the woods, não acerta sempre – mas o trabalho, com seus altos e baixos, mostra ao menos que ele está tentando sair de sua zona de conforto. O que no panorama atual da música já é alguma coisa.

 

 

MAN OF THE WOODS
•  De Justin Timberlake
•  16 faixas
•  RCA Records
•  Preço médio: 34,90

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