'Pagodinho, o musical' chega neste fim de semana a Belo Horizonte

Espetáculo traz referências do teatro de revista, gênero que, segundo os realizadores, expressa a irreverência e a veia popular do cantor

por Walter Felix 24/03/2018 09:40
Victoria Dannemann/divulgação
A trajetória do sambista Zeca Pagodinho é contada no palco em clima de teatro de revista (foto: Victoria Dannemann/divulgação)

O amor ao samba levou Zeca Pagodinho aos quatro cantos do Brasil, mas o cantor nunca abriu mão de suas raízes no subúrbio carioca. Fama nunca foi o objetivo desse artista, cuja trajetória inspirou o musical que chega neste fim de semana a BH.

Gustavo Gasparani interpreta o sambista, além de ser responsável pelo texto, roteiro musical e a direção-geral do espetáculo. “Contamos a história do Jessé, um suburbano carioca que chega ao sucesso, dando destaque à forma como ele lida com isso”, afirma Gasparani. O roteiro se baseou em uma frase da biografia escrita por Jane Barbosa e Leonardo Bruno. “Ele é uma espécie de Macunaíma: tinha tudo para dar errado e deu certo”, comenta Gustavo.

No primeiro ato – baseado na estrutura de Macunaíma, clássico de Mário de Andrade –, quatro quadros mostram a evolução e amadurecimento do músico – da juventude à fase boêmia e ao início do sucesso. O segundo ato retrata o auge da carreira de Zeca, nos anos 2000. “Nesse momento, a peça aborda a forma como o ídolo lida com o sucesso, mas sem deixar de ser ele mesmo, levando a cultura suburbana para todo o Brasil. Provavelmente por causa do Zeca, vocês de Minas Gerais já devem ter ouvido de Xerém e Del Castilho. Nós já passamos por Fortaleza, Recife, Salvador, e a plateia sempre identifica os signos do popular”, comenta o diretor.

O musical traz referências do teatro de revista, gênero que, segundo os realizadores, expressa a irreverência e a veia popular de Zeca. “Não quis criar uma história realista, mas uma fábula. Tudo começa com uma cegonha. Indecisa sobre levar o bebê para Del Castilho ou Madureira, ela confunde a mamadeira com uma garrafa de cerveja”, conta Gustavo. O sincretismo religioso está em cena, assim como na vida de Zeca Pagodinho – protegido por Cosme e Damião. O espetáculo também se inspirou em histórias reais. “Claro que há o lado biográfico, mas o musical é muito mais focado na formação do jovem do subúrbio carioca nos anos 1970, que participa de um dos maiores movimentos da história do samba, o Cacique de Ramos”, afirma Gasparani, referindo-se ao tradicional bloco de carnaval carioca.

BARRIGUINHA Peter Brandão, de 23 anos, faz o papel do sambista na adolescência, enquanto Gustavo Gasparini, de 50, interpreta o músico já maduro. “Meu maior trabalho na composição do personagem foi pegar o espírito do Zeca. Fui acrescentando aquele jeitão, a postura física, a forma de falar... Na caracterização, recomendaram até que aumentasse a minha barriguinha”, revela.

O sambista acompanhou a concepção do musical, incentivou o projeto, mas não interferiu. Só pediu a inclusão de um personagem: Baixinho, caseiro de seu sítio em Xerém. “Era um bebum que se tornou amigo do Zeca e chegou até a ser babá dos filhos dele”, explica Gasparani.

ZECA PAGODINHO:UMA HISTÓRIA DE AMOR AO SAMBA
Sábado (24/3), às 21h, e domingo (25/3), às 19h. Cine Theatro Brasil Vallourec. Praça Sete, Centro, (31) 3201-5211. Plateia 1A: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada). Plateia 1B: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia). Plateia 2: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).

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