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BH tem homenagem a Jacob do Bandolim neste sábado de carnaval

Muita gente  aprecia a boa música e quer fugir da bagunça, sentar com os amigos e tomar uma cerveja ouvindo um som de qualidade”

Bragança, saxofonista


Não só de samba, axé e pagode vive o carnaval de Belo Horizonte. Se esses gêneros são a preferência da maioria dos bloquinhos que saem na cidade, o Palco Brasil, nas imediações da Praça Floriano Peixoto, oferece outra opção: os ritmos mais tradicionais da música brasileira.


Quem abre o projeto neste sábado, às 19h, é o quarteto da mineira Maria Bragança. Nessa apresentação em BH, Bragança traz a formação inédita integrada por Emilio Castilho (piano), Arthur Rezende (bateria) e João Aguiar (baixo), além de outros convidados. Depois dela, vão tocar o cavaquinista, cantor e compositor Warley Henrique e a banda Djalma Não Entende de Política.

Com quatro CDs lançados, a saxofonista tem longa carreira, inclusive internacional. Costuma divulgar clássicos da música brasileira a palcos europeus, principalmente na Alemanha. Esta noite, Maria homenageará Jacob do Bandolim, prestando homenagem ao centenário de um dos maiores nomes do choro. “Ele era um artista com instrumental muito refinado e harmônico. É um nome que deve ser estudado por todos os instrumentistas”, ressalta ela.

Fenômeno nos anos 1950 e 1960, Jacob transformou a música no Brasil, oferecendo alternativa à bossa nova.

Usando o rádio, principal veículo para a divulgar a música na época, o carioca conferiu novo status ao choro. Foi um dos fundadores do conjunto Época de Ouro, banda até hoje na ativa, e deixou extensa obra solo e parcerias.

TRADIÇÃO

Se a concorrência com o carnaval pode parecer desleal à primeira vista, Maria Bragança não se intimida. “Belo Horizonte é uma cidade com tradição na música, acredito que há público de todos os gostos. Tenho certeza de que existe o público do jazz, do samba-jazz e do chorinho”, diz.

E é justamente nesse espírito eclético que Maria aposta para fazer um show voltado para o jazz e o choro em pleno sábado de folia. “Muita gente aprecia a boa música e quer fugir da bagunça, sentar com os amigos e tomar uma cerveja ouvindo um som de qualidade”, argumenta.

A saxofonista espera que os jovens prestigiem sua apresentação. E lembra que há um movimento de retomada dos tempos áureos do chorinho. “Não gosto muito do termo reviver, porque música boa não morre.
Mas vejo muita gente nova fazendo choro e tocando com qualidade, trazendo de volta esse ritmo tão importante para a música brasileira”, afirma

Nos álbuns lançados no Brasil e no exterior, Maria Bragança alterna os repertórios erudito e popular. Segundo ela, a música brasileira é bem aceita no exterior, chamando a atenção ao fundir ritmos e influências de maneira singular.


(Por Alisson Milo, estagiário sob supervisão do subeditor Pablo Pires Fernandes)

O PROFESSOR

Jacob Pick Bittencourt (1918-1969) é considerado um dos responsáveis pela presença constante do bandolim como solista na música popular brasileira. Ficou conhecido por criar um estilo próprio de tocar o instrumento. Compositor e pesquisador, aprendeu a tocar gaita de boca ainda criança. Em 1947, Jacob do Bandolim (foto) estreou em disco, gravando pela Continental o choro Treme-Treme e a valsa Glória, de Bonfiglio de Oliveira. Trabalhou na Rádio Nacional, onde apresentou o programa Jacob e seus discos de ouro, no qual apresentava álbuns raros de seu próprio acervo. Gravou os discos Choros evocativos (1957), Chorinhos e chorões (1961), Assanhado (1966), Era de Ouro (1967) e Vibrações (1967), entre outros.
Fonte: Enciclopédia Itáu Cultural

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