"Estou aprendendo mais sobre música brasileira", diz Lee Ranaldo

Músico produziu trilha de longa brasileiro inédito e fala sobre o trabalho no Brasil, o lançamento aqui de seu livro sobre a primeira década da banda e diz que está interessado em ouvir "novos sons"

CRISTIANE OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO
Lee Ranaldo em estúdio em Brasília, durante gravação da trilha de Ainda temos a imensidão da noite, do diretor Marcelo Galvão (de pé) (foto: CRISTIANE OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO)

Lee Ranaldo se apaixonou por Brasília desde a primeira vez em que esteve na cidade, em 2016. O fascínio pela arquitetura e o prazer de dirigir pelas ruas largas e planejadas da capital brasileira fizeram com que o guitarrista da cultuada banda americana Sonic Youth aceitasse participar da produção musical de um filme brasiliense, Ainda temos a imensidão da noite, de Gustavo Galvão. “Agradeci a oportunidade de passar mais tempo aí”, afirma.

 

Nesta entrevista, Lee fala sobre a admiração pela cidade e o trabalho no filme. Ele também comenta Jrnls 80’s: Poemas, letras, cartas, anotações e cartões-postais dos primeiros anos do Sonic Youth, livro escrito nos anos 1980 e que acaba de ser lançado no Brasil.

Você fez parte da produção do novo filme do diretor brasiliense Gustavo Galvão, Ainda temos a imensidão da noite. Como foi o contato entre vocês dois?

Em setembro de 2016, visitei a cidade pela primeira vez e toquei em Brasília. Após o show, uma das atrizes do filme, Ayla Gresta, se aproximou de mim e me disse algumas coisas sobre o filme e mencionou que eles estavam procurando um produtor para a banda. Ela me colocou em contato com Gustavo e começamos as discussões que levaram ao meu trabalho no filme.

Por que topou trabalhar nesse projeto?
Aceitei o projeto por uma série de razões. Durante um período de discussão com Gustavo, passei a acreditar no trabalho que ele estava fazendo e acreditava que o filme seria um trabalho significativo. Também optei por aceitá-lo, francamente, porque sou fascinado pela cidade de Brasília e agradeci a oportunidade de passar mais nela!

Como foi sua visita a Brasília?
Fui a Brasília duas vezes. Levei muito tempo para chegar lá. A história da construção da cidade, o projeto e os edifícios de Oscar Niemeyer e seus companheiros foram fascinantes para mim. Eu precisava de tempo para investigar a cidade mais e ter mais experiência com a terra vermelha.

Como é sua relação com a música brasileira?

Estou aprendendo mais sobre música brasileira o tempo todo. Já sabia algumas coisas que nós também reverenciamos no Norte – Caetano, Gilberto, Mutantes, Gal Costa etc – mas há tanta música brasileira que eu não conheço... Estou tentando aprender mais o tempo todo.

Jrnls 80’s, que agora chega ao Brasil, foi originalmente lançado há muito tempo. Como você o avalia hoje?

Esse livro contém seleções de meus diários e cadernos, incluindo letras, poemas e outras peças curtas escritas na década de 1980, durante a primeira década do Sonic Youth juntos como uma banda. Esses são os pensamentos que estavam correndo pela minha cabeça no momento e que me senti obrigado a escrever. Foi uma década emocionante – a minha primeira vida em Nova York e em crescimento como um membro contribuinte da comunidade artística lá. E também o desenvolvimento precoce da carreira da banda. Vejo o meu próprio desenvolvimento e crescimento como músico e artista incorporado nessas páginas.

Você ouve novos músicos? Gosta de algumas dessas bandas influenciadas pelo Sonic Youth?

Estou ouvindo novas músicas o tempo todo – música pop, música experimental – todo tipo de coisa. Ainda encontro muita música inspiradora sendo criada o tempo todo. No momento, estou interessado em ouvir novos sons e tentar coisas novas com a minha própria música. Então eu estou sempre à procura de uma nova inspiração.

Jrnls 80’s: Poemas, letras, cartas, anotações e cartões-postais dos primeiros anos do Sonic Youth
Autor: Lee Ranaldo
Editora: Martins Fontes (240 págs)
Preço sugerido: R$ 54,90

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