Bandas brasileiras celebram os 10 anos de 'In rainbows', do Radiohead

Dez bandas celebram os 10 anos do icônico álbum da banda inglesa, com releituras em diversos estilos

por Estadão Conteúdo 14/12/2017 09:03

LEON NEAL/1/10/07
Thom Yorke, vocalista do Radiohead, em apresentação no ano de lançamento do álbum. (foto: LEON NEAL/1/10/07 )

Há 10 anos, o Radiohead lançava In rainbows, álbum que se tornou um dos grandes clássicos dos anos 2000 e inspirou uma geração de jovens. O disco saiu de maneira independente e podia ser baixado pela internet pelo preço que os interessados desejavam pagar. Era 10 de outubro de 2007, a banda de Thom Yorke estava sem contrato com gravadora após o fim da parceria com a EMI em Hail to the thief, e desafiava a indústria fonográfica, que definhava. Disseram: “Ninguém vai comprar o álbum físico”. E erraram. In rainbows, quando chegou nas prateleiras, em 1º de janeiro de 2008, foi para o topo das paradas norte-americanas. Somente Kid A, o sucessor de OK computer, obteve o mesmo êxito.

Agora, 10 bandas indies brasileiras prestam homenagem ao álbum, cada uma gravando uma faixa ao seu estilo, mas dialogando com o original. Br rainbows é uma proposta de releitura para celebrar a década do disco que mudou o jogo em diferentes frentes. A proposta é do músico e produtor Kelton, que reuniu os artistas para recriarem, em um ambiente livre, cada uma das faixas quentes do Radiohead. Kelton também assina a masterização do trabalho. O álbum está disponível na íntegra no YouTube.

 

Ele convocou um time de impacto do indie nacional para o duro trabalho de reconfigurar o Radiohead: Bratislava (ficou com a música 15 step), Peartree (com Bodysnatchers), Tuyo (com Nude), Aloizio e a Rede (com Weird fishes/Arpeggi), Supercolisor (com All I need), Amnesiac Kid (com Faust arp), Zéfiro (com Reckoner), ele, Kelton (com House of cards), Guaiamum (com Jigsaw falling into place) e Diego Marx (com Videotape).


Br rainbows é uma viagem afetiva. Victor Meira, da Bratislava, por exemplo, “entrou no Radiohead” por esse álbum. É do grupo a abertura do álbum, com a única, corajosa e viciante versão para 15 step em português. “Parece que todas as minhas lembranças dessa época têm o In rainbows como trilha sonora”, conta.

“Não é surpresa dizer que Radiohead estimula o apetite, a gana de ter banda, de ser banda para quem ‘adolesceu’ em algum momento dos anos 2000?”, diz Lio Soares, da Tuyo, que reconfigurou as sensações de Nude a partir da estética própria deles. “A relação com essas canções é primordial para Br Rainbows. Weird fishes é a minha música preferida da vida e com uma das frases que sempre quis tatuar: ‘I hit the bottom and escape’”, diz Aloizio, de Aloizio e a Rede.

A liberdade para brincar com as canções do Radiohead criou momentos memoráveis justamente por isso. Os ingleses formam uma banda que se desconstrói e se desconfigura a cada álbum, favorecendo essa inventividade, afinal. A Peartree, por sua vez, optou por seguir um caminho mais fabril. Sua versão de Bodysnatchers brinca com o industrial ao diminuir as BPMs da canção e engrandecer as pontes que levam para o refrão que nunca vem.

Kelton fez de House of cards um quase country saboroso, enquanto Guaiamum optou por trazer climas sombrios e amenos para Jigsaw falling into place.

Ouvir Br Rainbows é como assistir a crianças brincarem em um parque de diversões. Ou melhor: como ver adultos crescidos liberados para brincar como quiserem no parque de diversões que frequentaram tantas vezes na infância. Portanto, vamos deixá-los brincar. 

 

 

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