O eu lírico feminino está evidenciado em Caixinha de música, novo trabalho da cantora e compositora Vanessa da Mata. A turnê chega neste sábado (25) ao KM de Vantagens Hall, em Belo Horizonte. É a primeira vez que Vanessa faz show para divulgar o projeto que une som e imagem. Embora outras apresentações tenham sido gravadas, trata-se do primeiro DVD dela.
Gravado em maio, em São Paulo, com direção musical do guitarrista Maurício Pacheco, o projeto traz três inéditas (Caixinha de música, Orgulho e nada mais e Gente feliz) compostas pela própria Vanessa, que também interpreta canções de Orlando Silva, da dupla Milionário e José Rico e de Márcio Greyck.
“A caixinha de música remete a muita coisa: caixas de som, memórias afetivas, à própria jukebox antiga. Todos somos caixa de música, no sentido de soar música e sair por aí cantando”, afirma Vanessa.
Com o uso de espelhos, a cenografia foi construída a partir dessa ideia. “Caixinha de música mostra o momento em que estou encantada comigo mesma, percebendo as coisas delicadas e me reconstituindo para me curar. É um momento aberto às coisas mais bonitas da vida”, diz.
MACHISMO Em Orgulho e nada mais, Vanessa mira no machismo. A canção se inspira numa amiga, que, mesmo depois de descobrir que o companheiro a roubava, manteve a relação.
Em Gente feliz, os versos fazem referência a Nelson Mandela (1918-2013), ícone da luta contra o apartheid na África do Sul, e Fela Kuti (1960-1997), multi-instrumentista nigeriano e ativista que lutou pelos direitos humanos. “A canção fala deste momento em que o Brasil está descobrindo a podridão. Estamos saindo da infantilidade, deixando de ser ‘homens cordiais’, como o pai de Chico Buarque escreveu. Temos que reagir. Temos que continuar felizes. Esse é o elixir natural da nossa cultura, mas temos que agir.” Ela se refere ao conceito apresentado pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) no livro Raízes do Brasil.
Ao entoar a mandinga que livra dos males, Gente feliz também é uma oração. “As canções são orações, mesmo as mais tristes. Ainda bem”, diz ela. Essa música é fruto das reflexões que Vanessa faz a respeito do país, que, em sua opinião, está mudando. “Na década de 1980, gente rica jamais era presa.
O eclético repertório traz ainda Love will tear us apart, do grupo inglês Joy Division; Mágoas de caboclo, de Orlando Silva; e Vá pro inferno com seu amor, de Milionário e José Rico. “Esses músicos têm um recado a dar. Busquei essas composições e as trouxe para o meu estilo”, resume. O show não vai deixar de fora hits da carreira de Vanessa, como Ai, ai, ai, Amado, Boa sorte/Good luck, Não me deixe só e Ainda bem.
VANESSA DA MATA
Show Caixinha de música. Sábado (25), às 22h.
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