Congresso em BH discute as mudanças na indústria fonográfica

Cerca de 50 estudos serão apresentados até quarta-feira, 11, durante a sétima edição do Musicom, na UFMG

por Ana Clara Brant 09/10/2017 08:59
Natasha Prado/O Dia
Produtor de Legião Urbana, Cássia Eller e Djavan, o experiente Mayrton Bahia faz palestra esta noite, na Fafich. (foto: Natasha Prado/O Dia)

Música e comunicação sempre tiveram relação próxima, mesmo antes do surgimento da televisão e da internet. Foi pensando nessa ligação que o Musicom foi criado, há oito anos, pela Rede de Pesquisadores em Mídia e Música Popular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O objetivo do evento é servir de espaço permanente para debates sobre a relação da música com os meios midiáticos.


Pela primeira vez, o congresso será realizado em Belo Horizonte. A partir desta segunda-feira, 09, jornalistas, produtores, pesquisadores e estudantes de várias universidades estarão na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no câmpus da Universidade Federal de Minas (UFMG). Até quarta-feira (11/9), a sétima edição do Musicom apresentará cerca de 50 estudos e análises a respeito do tema ''Consumo midiático de música: estéticas, práticas e regulações''.


''Apesar destes tempos de crise, fizemos um esforço e teremos escopo variado de assuntos e pesquisadores. A temática de agora, que começou a ser trabalhada no último Musicom, vai avançar ainda mais este ano. A internet e as redes sociais reconfiguraram completamente a indústria musical, que estava, de certa maneira, consolidada'', afirma o jornalista Nísio Teixeira, professor do curso de comunicação social da UFMG, um dos organizadores do evento.


Os trabalhos abordam temas variados: gospel, heavy metal, punk, música caipira, brega, funk, sertanejo e samba, além da cultura massiva e da cena independente. Também virão a público análises das obras de Criolo, Luiz Tatit, Vitor Ramil, Chico Buarque, Herivelto Martins, Novos Baianos e Tom Zé, entre outros compositores e cantores.

STREAMING A conferência de abertura, nesta segunda, ficará a cargo de um expert: o pesquisador Mayrton Bahia, produtor com larga experiência no mercado fonográfico. Ele vai falar sobre o tema ''Do plástico ao streaming: o relato de uma trajetória pessoal entre a desmaterialização do suporte físico e os desafios das tecnologias digitais na produção e distribuição de música''.


''Mayrton viveu os tempos áureos da produção fonográfica nacional, produziu álbuns de vários artistas e bandas, entre eles Legião Urbana, Cássia Eller, Ivan Lins e Djavan. Foi testemunha de toda essa mudança de paradigma'', observa Nísio Teixeira.


De acordo com o coordenador do Musicom, quando o congresso começou, havia poucas iniciativas no Brasil voltadas para as relações da música com os meios de comunicação. Atualmente, quando a questão está em voga, há cerca de cinco eventos dedicados a essa temática.


''Se por um lado a comunicação reconfigurou a forma de distribuição da música, a canção também está presente em muitos produtos da comunicação e do audiovisual. A relação entre música e comunicação se dá a partir do momento em que se percebe a canção como um dos vértices dos processos comunicativos. Ela usa meios muito próprios da comunicação, como a internet, o rádio e a televisão. A comunicação, então, acaba por transformar a produção e distribuição de música'', ressalta Nísio Teixeira.

 

7º MUSICOM
Até quarta-feira, das 14h às 21h, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (Fafich/UFMG). Avenida Antônio Carlos, 6.627, câmpus Pampulha. Inscrições: de R$ 30 a R$ 60, no site www.sympla.com.br. Programação completa: www.musicom.mus.br

 

PROGRAMAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA, 09

ABERTURA

19h20 – ''Do plástico ao streaming''. Conferência de Mayrton Bahia, no auditório da Fafich

TRABALHOS

Auditório 1/CAD 2
Das 14h30 às 17h30

''Cálice de sangue. De Chico a Criolo o verbo é o mesmo''. De Alexandre Álvares

''Charme chulo e o encontro do pós-punk britânico com a música caipira brasileira''. De Karime Kamel e Antonio Carlos Persegani Florenzano

''Meninas direitinhas: questões de gênero na música brasileira e nas trajetórias de Emilinha Borba e Marlene''. De Bárbara Monteiro

''Os Novos Baianos em rede''. De Therence Santiago Alves Feitosa

''Uma arqueologia em torno da música para pensar o jornalismo de cultura pop no Brasil''. De Christian Gonzatti e Letícia Rossa

''Mídia, celebrização e música popular: aspectos da guerra midiática entre Dalva de Oliveira e Herivelto Martins''. De Herom Vargas e Mozahir Salomão Bruck

Auditório Prof. Luiz Bicalho
Das 14h30 às 17h30

''Significâncias da música: aportes metodológicos do genotexto à genomusicalidade''. De Cássio de Borba Lucas

''Quem vigia os vigilantes? – Uma análise das interações entre fãs no Facebook e no Twitter sobre a 12ª temporada do programa American idol''. De Eduardo Macedo, Katarina Gadelha e Pablo Laignier

''Take the ‘A’ train: rumo à transnacionalização da semiótica da canção de Tatit''. De Diogo França Tomaz Aquino

''O espetáculo contemporâneo de American idol''. De Pablo Laignier

Auditório Prof. Baesse
Das 14h30 às 17h30

''A música como patrimônio cultural e suas influências nos processos identitários: O repente no sertão alagoano''. De Alan Lucas de Melo Nunes, Anderson David Gomes dos Santos e Rafael de Oliveira Rodrigues

''Dinâmicas estéticas e identitárias nas milongas de Vitor Ramil''. De Felipe Viana Estivalet

''Análise e contextualização da obra Ginga, de Marisa Rezende''. De Amanda Lira

''Eram deuses os guitarristas? Heróis e mitos no imaginário da cultura massiva''. De Affonso Miranda

''Música popular e tensões do pop: o local da cultura em Vira-lata na Via Láctea, de Tom Zé''. De Matheus Santiago, Thiago Henrique Fernandes e Cláudio Rodrigues Coração

''Pink orange red: interpretação, sentido e presença na banda Cocteau Twins''. De Aline Gabrielle Renner e Marcelo Bergamin Conter

''O mundo underground da autolesão: conexões históricas e estéticas das culturas jovens urbanas''. De João
Paulo Braga Cavalcante

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