Músicas dos Tribalistas fala sobre drama dos refugiados e intolerância

Canções inéditas foram divulgadas na internet. CD com 10 faixas sai no fim do mês

por Ângela Faria 11/08/2017 08:00
Facebook/reprodução
Carlinhos Brown, Marisa Monte e Arnaldo Antunes durante show ao vivo assistido por 5,62 milhões de internautas (foto: Facebook/reprodução)

Eles voltaram – e com força. O trio Tribalistas Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte – mandou para as redes sociais e plataformas digitais quatro canções inéditas, com direito a “show surpresa” ao vivo na internet, no fim da noite da quarta-feira. O retorno se dá 15 anos depois do retumbante sucesso do disco que trazia os hits Já sei namorar e Velha infância. Em 31 de agosto, um especial da Rede Globo vai divulgar as 10 faixas do novo álbum. DVD e CD chegarão às lojas no fim do mês.

Com seu pop refinado, o Tribalistas chega com duas canções – Diáspora e Um só – dialogando poeticamente com os impasses do mundo contemporâneo. A primeira fala do drama dos refugiados, que atravessam a história “no barco cheio de fariseus”, sejam eles cubanos, sírios ou ciganos. “Onde está/ Meu irmão/ Sem irmã/ O meu filho sem pai/ Minha mãe/ Sem avó/ Dando a mão pra ninguém/ Sem lugar/ Pra ficar/ Os meninos sem paz/ Onde estás/ Meu senhor/ Onde estás?/ Onde estás?”, diz a letra.

Em Um só, Arnaldo, Marisa e Carlinhos oferecem seu brincalhão antídoto à intolerância e à radicalização que vêm dominando o cenário político. “Somos comunistas/ E capitalistas/ Somos anarquistas/ Somos o patrão./ Somos a justiça/ Somos o ladrão/ Somos da quadrilha/ Viva São João!/ Somos todos eles/ Da ralé, da realeza/ Somos um só/ Um só./ Um, dois, três/ Somos muitos/ Quando juntos/ Somos um só/ Um só/ Somos democratas/ Somos os primatas/ Somos vira-latas/ Temos pedigree”, “discursam” os Tribalistas.

A delicadeza bate ponto em Fora da memória (“Fora da memória tem/ Uma regalia/ Para quando você acordar/ Todo dia”) e na romântica Aliança, que lembra Já sei namorar e deve, como ela, conquistar os jovens. “Se um dia eu te encontrar/ Do jeito que sonhei/ Quem sabe ser seu par perfeito/ E te amar/ Do jeito que eu imaginei”, diz a letra.

A sonoridade segue o padrão Tribalistas. Há um gostinho de nostalgia, sim, mas também há frescor (em Diáspora). “Esse segundo álbum tem a mesma espontaneidade. Foi gravado com os mesmos músicos, com a mesma equipe técnica”, explicou Arnaldo Antunes. E lá está ele ao microfone, com Marisa tocando violão e Carlinhos no cajón. “Juntos, formamos um superjogador de três pernas”, afirmou Brown. O reforço instrumental veio de três feras: Dadi (baixo), Pedro Baby (violão) e Cezar Mendes (violão).

O trio respondeu às perguntas enviadas em tempo real pelos fãs. “Desde que fizemos o primeiro álbum, nunca deixamos de estar próximos nem paramos de compor em parceria. Mas desta vez sentimos que tínhamos em mãos uma coleção de canções que soavam mais potentes quando cantadas pelos três juntos, daí surgiu o desejo de gravar um novo álbum”, resumiu Marisa.

A assessoria de imprensa do grupo informa que a transmissão simultânea nas fan pages dos artistas e no Facebook foi assistida por 5,62 milhões de seguidores em 51 países, além do Brasil. Internautas da América Latina, Estados Unidos, França, Espanha, Japão, Rússia e do Paquistão acompanharam os 60 minutos da apresentação.

NA REDE
Os quatro singles do Tribalistas podem ser acessados no Spotify e em outras plataformas digitais. Dirigidos por Dora Jobim, neta de Tom Jobim, os quatro clipes podem ser conferidos no Facebook e no iTunes/Apple Music. Uma nova ferramenta interativa para smartphones, chamada Hand Album, permite a quem acessá-la no Facebook e no Spotify encontrar lyric videos, cifras, ficha técnica, fotos de bastidores e trechos dos clipes.

MAIS SOBRE MUSICA