Mais viva do que nunca, a Tropicália surgiu com a proposta de mesclar a cultura brasileira com inovações estéticas radicais surgidas na década de 1960. A revolução no cenário artístico e musical está completando 50 anos. Na noite desta sexta-feira, 21, a banda mineira Nem Secos faz show para celebrar esse marco.
Além de revisitar canções emblemáticas do movimento – Alegria alegria, de Caetano Veloso; Domingo no parque, de Gilberto Gil; Cadê Tereza?, de Jorge Ben Jor; e Divino maravilhoso, de Caetano e Gil –, o septeto vai apresentar duas composições autorais: Anti-heróis e A seita que não aceita. Ambas estão no repertório do novo CD da Nem Secos, com 18 faixas, cujo lançamento está previsto para o fim do ano.
Carlos Linhares, um dos integrantes da banda, afirma que a influência tropicalista sobre o grupo está diretamente ligada a Caetano Veloso. ''Ídolo de gerações, o Caetano é muito presente, até hoje buscamos referências nos trabalhos dele. Além disso, a maioria dos fãs relaciona a Tropicália a ele'', observa.
Nesta noite, dividirão o palco com a Nem Secos nomes representativos da cena independente de Belo Horizonte. Dolly Piercing, Guilherme Ventura, Maíra Baldaia, Michelle Oliveira, Nobat, Robert Frank, Roger Deff e Sérgio Pererê estão entre esses artistas. ''O que marca a Tropicália é a diversidade.
REPRESSÃO
Com sua poesia particular, as letras do Nem Secos trazem críticas sociais e abordam temas do cotidiano de uma forma diferente. ''Parece até coincidência. O movimento também criticava a repressão. Cinquenta anos depois, a gente enfrenta novamente um momento político-econômico delicado. É uma chance de retomar o espírito tropicalista e libertário'', comenta Carlos Linhares.
Com o mote ''é permitido permitir'' – alusão à canção É proibido proibir (1968), de Caetano Veloso –, a expectativa dos mineiros é lotar o Teatro Bradesco. ''Estamos trabalhando nessa apresentação há bastante tempo. Nos ensaios, já sentíamos as boas vibrações e o resultado ficou bem bacana. Além de relembrar sucessos, será uma grande manifestação cultural. A ideia é quebrar paradigmas e discutir o Brasil'', explica.
No hall do Teatro Bradesco, estará em cartaz a exposição Tropicália 50 anos, que revisita aquele período de efervescência cultural por meio de fotos e trabalhos de alunos do Colégio Loyola. A curadoria é de Amanda Lopes.
TROPICÁLIA 50 ANOS
Com banda Nem Secos e convidados. Nesta sexta-feira (21/7), às 21h.