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Novo álbum de Jay-Z abre o verbo sobre infidelidade à Beynoncé

No recém-lançado 4:44, seu primeiro álbum em quatro anos, o rapper fala ainda da homossexualidade da mãe e ataca herdeiros de Prince

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo
Beyoncé e Jay-Z em evento no Metropolitan Museum de Nova York em 2015. Casal acaba de ter gêmeos - Foto: TIMOTHY A. CLARY/AFP
Em álbum lançado na última sexta-feira, o primeiro após um hiato de quatro anos, Jay-Z se expõe como poucas vezes o fez: pede desculpas à sua esposa Beyoncé por tê-la traído e fala da homossexualidade de sua mãe, além de discutir questões raciais.

Os temas casuais que Jay-Z tratava em suas músicas o tornaram um dos maiores rappers de todos os tempos. Ostentando um império econômico e casado com a superstar Beyoncé, ele havia mantido até agora sua vida privada longe dos holofotes.

4:44 é o 13º álbum do rapper nascido com o nome de Shawn Carter e foi lançado exclusivamente no Tidal, plataforma de música em streaming da qual é proprietário. Neste novo trabalho, Jay-Z responde publicamente à aguardada questão sobre a sua infidelidade, trazida à tona por Beyoncé em seu aclamado álbum Lemonade, lançado no ano passado. Também traz a informação de que os gêmeos que teve com a superstar foram concebidos de forma natural.

O tema de 4:44, cujo título faz referência à hora em que ele o escreveu, traz uma mistura de house e reggae, juntando-se a um som atual e elegante bem diferente do apresentado em seus álbuns anteriores, que eram muito mais pop.

Na faixa Family feud (barraco familiar, em tradução livre), Jay-Z pede que uma suposta amante o deixe em paz. ‘’Sim, eu ferraria com tudo se você me deixasse. Me deixe em paz, Becky. Um homem que não se importa com sua família não pode ser rico’’, diz. Na insinuação ao caso extraconjugal contida em Lemonade, Beyoncé diz que é melhor “ele ligar para a Becky do cabelo bom”.
Ainda em Family feud, Jay-Z afirma que foi o nascimento da primeira filha, Blue Ivy, de 5 anos, que o fez perceber o erro.
‘’Eu peço desculpas. Eu costumava conquistar. Foi preciso nascer minha filha, ver por meio dos olhos de uma mulher. Foi preciso que esses gêmeos naturais acreditassem em milagres. Levei muito tempo para essa música’’, canta.

PAIS Em Smile, Jay-Z confirma os rumores de que sua mãe é lésbica e explica como ela sucumbiu às drogas como forma de lidar com a estigmatização. Também discorre sobre sua infância difícil no bairro nova-iorquino do Brooklyn e seu pai ausente. A canção começa com Stevie Wonder e termina com um poema de sua mãe, Gloria Carter.

Assim como muitos rappers de sua geração, Jay-Z incluía expressões homofóbicas em suas músicas no início de sua carreira, porém, depois se tornou um dos primeiros rappers a declarar publicamente repúdio à discriminação dos homossexuais.
Jay-Z e Beyoncé, amigos do ex-presidente americano Barack Obama, participaram ativamente da campanha da democrata Hillary Clinton à sucessão de Obama, em 2016. As músicas The story of O.J. e Moonlight denunciam tensões raciais, afirmando que os americanos negros sempre serão julgados por sua cor de pele.

O rapper faz alusões a outros músicos, como Kanye West, que ano passado o insultou e apoiou o republicano Donald Trump, e direciona também duras palavras aos herdeiros do cantor Prince, com quem tinha fechado um acordo para o Tidal um pouco antes da morte desse ícone do pop.

Jay-Z faz referência aos “bastardos ambiciosos” que comercializaram suas obras nos serviços de streaming concorrentes como o Spotify. O rapper finaliza o álbum falando sobre herança. Em Legacy, título da última música, dedicada aos seus filhos, diz esperar que sua fortuna e obras benéficas sejam mantidas após a sua morte. (AFP).