Apesar de um 2016 conturbado para a maioria dos brasileiros, Roberta tem motivos para festejar o ano que terminou ontem. Ela brilhou na cerimônia de encerramento da Olimpíada, em agosto, na pele de Carmen Miranda. “Tenho uma admiração pela Carmen enorme e cantar caracterizada como ela foi fantástico. Apesar de não ter nascido no Brasil, ela é um símbolo nosso. Acho que a Olimpíada mostrou ao mundo como o Brasil sabe fazer bonito quando quer. A gente precisava de algo que desse certo. Tanto na abertura quanto no encerramento, conseguimos mostrar a nossa cultura através dos mais diferentes artistas com competência e beleza”, avalia.
Outra razão para comemorar foi a turnê de seu mais recente disco, Delírio, que percorreu não só as principais cidades do país, como algumas do exterior (Londres, Amsterdã, Madri, Paris, Lisboa e Montevidéu). O ponto alto desse trabalho foi no dia 21 de maio, no Circo Voador, no Rio de Janeiro, quando Roberta Sá gravou o CD e o DVD que resultaram no projeto Delírio no Circo. Nascida no Rio Grande do Norte, ela conta que, desde o princípio, a ideia era fazer desse disco uma gravação ao vivo. “Por isso o CD e o DVD foram uma consequência do Delírio. Fazer esse registro num lugar tão simbólico como o Circo voador deixou tudo ainda mais especial, sobretudo pelo momento cultural que estamos atravessando. O Circo é uma referência democrática e que abriga todo o tipo de manifestação”, frisa.
Roberta lembra que a primeira vez que lotou o espaço foi há 12 anos. “É uma pena ver casas tão importantes do Rio fecharem as portas como o Canecão, o Mistura Fina. O Circo Voador resiste bravamente”, comenta.
PARTICIPAÇÕES Delírio no Circo, fruto da parceria entre Som Livre, MP,B Discos e Canal Bis, reúne canções que fazem parte da trajetória da cantora e composições do disco de estúdio, agora adaptadas para o palco. Dirigido por Fernando Young, o projeto teve como convidados Martinho da Vila e Moreno Veloso. O sambista carioca já havia participado do álbum de estúdio, e Moreno está no repertório da cantora desde o seu segundo CD. “Moreno é um parceiro muito antigo.
Quando pensei no DVD, já queria que ele gravasse comigo outras canções. Ele escreve de uma maneira muito assertiva para mim, sabe exatamente o que quero dizer. E o Martinho era uma pessoa que eu queria que estivesse presente também de qualquer jeito, ainda mais que ele participou do CD de estúdio. O Delírio no Circo é muito mais do que um registro de um momento; mas a celebração de encontros”, diz a cantora, que ainda contou com sua banda formada por Alberto Continentino (baixo), Marcos Suzano e Paulinho Dias (percussão), Luis Barcelos (bandolim e cavaquinho) e Rodrigo Campello (diretor musical, violão tenor e violão de 7 cordas). Os percussionistas Armando Marçal e Paulino Dias se juntaram à banda como músicos convidados.
Neste ano, Roberta Sá pretende continuar “espalhando seu delírio” por aí. No fim deste mês, embarca para a Escócia, onde vai marcar presença no Festival Mimo. Em março, segue para Portugal e, em maio, para a Espanha. “Foi um delírio que deu certo, porque, quando a gente trabalha com paixão, as coisas fluem, mesmo com as dificuldades. E o caminho é esse. Apesar de estarmos precisando resolver algumas coisas práticas, o mundo e o Brasil precisam de cultura, de música e de amor. Só isso é capaz de nos salvar”, afirma.
CD e DVD Roberta Sá
Delírio no Circo
Som livre e MP, B discos
Preço sugerido (CD: R$ 24,90 e DVD: R$ 29,90)