Uai Entretenimento

Em novo disco, Metallica volta ao trash depois de oito anos sem lançamentos

Álbum da banda foi a terceira maior estreia do ano sobretudo pela venda de mídias físicas

Diário de Pernambuco

Banda está em alta nas paradas americanas. - Foto: Tomas Zuccareno/Reprodução

Foram oito longos anos de espera por um disco novo para os fãs do Metallica desde que, em 2008, o grupo lançou Death magnetic. "Oito anos passam rápido, mas não para vocês, eu acho”, disse James Hetfield em um show recente da banda. Agora eles apresentam o enérgico Hardwired... to self-destruct.


O álbum começou bem nas paradas e chegou, nesta semana, ao topo da Billboard, superando discos de Bruno Mars e Miranda Lambert. Décimo trabalho de estúdio do Metallica, Hardwired… to self-destruct vendeu 282 mil cópias, 34 mil músicas avulsas e foi ouvido 9,3 milhões de vezes por streaming até agora.

 

Segundo a Billboard, o lançamento da banda de trash metal, sobretudo pela venda de mídias físicas, foi a terceira maior estreia do ano, atrás apenas de Views, de Drake, e de Lemonade, de Beyoncé.

 

Em Hardwired… to self-destruct, o Metallica volta com peso e agressividade aos riffs de guitarra e às canções longas, como nos bons tempos. Nas letras, estão presentes as relações humanas, a tecnologia e um pessimismo contundente.

"Um tanto disso é cinismo. Quando você se torna adulto, começa a olhar para trás e a ver o que está acontecendo no mundo e coloca suas fichas nisso", disse Hetfield, em entrevista ao The New York Times.

 

Se as letras ainda trazem pessimismo e o som remete aos tempos mais agressivos da banda, o clima entre os membros e a relação deles com o mundo mudou. "James certamente reconhece que carrega um monte de coisas dentro dele. Mas eu acho que ainda é possível fazer música enérgica, thrash sem necessariamente ter que andar por aí sendo irritado, mal-humorado ou visto como pessoas escuras…", disse também o baterista Lars Ulrich, que divide muitas das composições com Hetfield, ao jornal americano.

 

Colapso?

O Metallica, de fato, chegou perto do colapso. Os integrantes da banda precisaram passar por reabilitação e terapia de grupo para manter a sanidade e conseguir permanecer juntos. O processo todo foi registrado no filme Metallica: Some kind of monster (2004). O baterista conta que agora a banda é secundária às famílias, às necessidades internas e às tentativas de manter a sanidade de todos. “Temos todo um modo de fazer as coisas que pode não ser o mais eficiente se as pessoas estão contando os dias até o próximo disco. Mas em termos de manter a banda sã e a saúde coletiva, é um modelo que funciona", revela.

 

Sobre o passado, ele diz que a banda errou em, muitas vezes, ter pressa demais para provar o que eram e para disfarçar certas impressões das pessoas sobre o grupo. "Nós estávamos com tanta pressa para avançar, e com tanta pressa para se afastar de certas percepções sobre nós, que seguimos perseguindo algo de que realmente não precisávamos”, lembra.

 

Os conflitos ainda acontecem, eles confessam, mas estão longe de ter a dimensão de antes. A duração das canções e do disco, por exemplo, foram um ponto em que Hetfield e Ulrich discordaram.

 

"Não é que Lars quisesse canções mais longas, mas é difícil para ele cortar qualquer coisa para baixo.

É sua personalidade. Se algo é bom, ele quer colocá-lo lá e torná-lo mais e maior", explica Hetfield, que prefere optar pela economia. "Nós fomos e voltamos com isso. Mas se isso é a pior coisa que está acontecendo com Metallica, então está ótimo", conclui.

.