Wanda Sá lança novo álbum, 'Cá entre nós'

Disco recupera canção pouco conhecida de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 'Cala, meu amor'. Roberto Menescal é um dos convidados do projeto

por Ana Clara Brant 03/11/2016 09:10

Nelson Faria/divulgação
(foto: Nelson Faria/divulgação)
O amor pela música e pelos amigos norteou Wanda Sá em seu novo trabalho, Cá entre nós. O álbum, que “chegou devagarinho, um pouco preguiçoso, um pouco sem mostrar a sua cara”, como ela diz, traz ares de novidade. A ideia era reunir inéditas de parceiros como o eterno guru Roberto Menescal, João Donato, Carlinhos Lyra e Nelson Motta. “Acabei revirando o meu baú de recordações e redescobri grandes pérolas, como uma canção de Vinicius de Moraes e do Tom Jobim que não é muito conhecida, Cala, meu amor. Por isso, a gente brinca: esse disco marca o encontro da Wanda de 20 anos com a de 72”, afirma a cantora e compositora.

Ela conta que sempre teve dificuldade em letrar melodias. Quando ligou para Menescal, a intenção era criar algo a quatro mãos. “Disse a ele que já tinha colocado o título, Cá entre nós. Ele gostou tanto que acabei nem fazendo a letra. A ideia era esta mesma, criar um clima de intimidade que só a amizade permite. É como dizem os versos: cá entre nós, assim que eu vejo você/ amigos desses que não dá para perder/ tem música no ar/ histórias pra contar”, resume.

Além das parcerias, Wanda Sá contou com convidados especiais. Chico Batera, Nelson Faria, Ricardo Silveira, Eloi Vicente e Ivan Lins se juntaram a ela e a Menescal. “O Ivan foi uma grande novidade pra mim. Passamos uma tarde juntos e foi ótimo o nosso trabalho. Deu tão certo que pretendo até fazer uma parceria com ele. No fim das contas, esse disco ficou do jeito que eu queria. Ele não tem compromisso com o novo ou o moderno; é um trabalho que fiz para mim e para quem gosta de música”, explica.

BOSSA NOVA Uma das pioneiras da bossa nova, Wanda Sá exalta o fato de colegas desse movimento musical ainda estarem em atividade. Para ela, o grande êxito do gênero foi o grande reconhecimento no exterior. Tanto é que a renovação se dá muito mais lá fora do que no Brasil.

“Sessenta anos depois (de ser lançada), a bossa é um tipo de música que a gente está sempre aprendendo, seja pelos arranjos, pela melodia, letras e harmonia. No Japão e nos Estados Unidos, há uma curiosidade enorme por ela. Sempre estão surgindo novos artistas. Aqui, infelizmente, isso não aconteceu muito”, lamenta.

Para Wanda, como o Brasil está passando por “um momento pobre” em vários aspectos, isso influencia a cultura. “Quando a bossa nova surgiu, o país vivia um período extremamente positivo. Eram os anos JK, a mudança para Brasília, o Cinema Novo. Hoje, ninguém está preocupado com poesia, como acontecia na nossa época. Tanto é que a música está muito empobrecida. Mas sou otimista. Depois dessa limpeza geral que estamos atravessando, boas-novas surgirão. Vamos ter outro momento maravilhoso”, conclui.

 

Ouça 'Cá entre nós', faixa-título do novo álbum de Wanda Sá

 

 

• Faixa a faixa

» Rio de maio. De Ivan Lins e Celso Viáfora
» Samba pequeno. De Dudu Falcão
» Cá entre nós. De Wanda Sá e Roberto Menescal
» Considerando. De Edu Lobo e Capinam
» Em tempo, eu te amo. De Carlos Lyra
» Fora de hora. De Dori Caymmi e Chico Buarque
» Fotografia. De Tom Jobim
» Cala meu amor. De Vinicius de Moraes e Tom Jobim
» Entardecendo. De João Donato e Marcos Valle
» The nearness of you. De Hoagy Carmichael e Ned Washington
» Uma simples canção. De Ivan Lins e Nelson Motta

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