Depois de 13 anos de espera, sai o disco de inéditas de Sabotage; ouça

Com 11 faixas produzidas por amigos, álbum do rapper assassinado em 2003 tem versos certeiros e sonoridade envolvente

por Ângela Faria 17/10/2016 10:53
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Disco póstumo de Sabotage é lançado 13 anos depois de sua morte. (foto: Facebook/Reprodução)

 
Saiu na madrugada desta segunda-feira, 17, um dos discos mais aguardados do hip-hop brasileiro: Sabotage, com 11 faixas inéditas compostas pelo rapper paulistano Sabotage, assassinado aos 29 anos, em 2003, com quatro tiros. Ele deixou faixas inacabadas que só agora vêm a público graças ao trabalho dos produtores e amigos Daniel Ganjaman, Tejo Damasceno, Rica Amabis e DJ Cia, entre outros. Emocionado, Ganjaman postou a notícia assim que o álbum foi lançado, anunciando que ele já estava disponível, na noite da superlua, no Spotify. A direção musical é assinada também por Quincas Moreira, Tropkillaz, DJ Nuts, Mr. Bomba e Duani. Todos abriram mão dos direitos em favor da família de Sabotage: os filhos, Thamires e Wanderson, e a mulher, Maria Dalva. Desde a morte do músico, há 13 anos, eles vivem humildemente em São Paulo.
 
As faixas trazem o inconfundível flow de Sabotage, dono de um estilo muito próprio de encaixar versos e rimas no canto falado. A vida na favela do Canão, onde ele foi criado; a vida do crime, da qual se desligara até ser abatido num ponto de ônibus; o Brasil dos playboys que queimam índios; a miséria na periferia paulistana estão nas rimas de Sabotage.
 
 
País da fome: homens animais vai fazer muito fã chorar. Começa com a repórter anunciando o assassinato do rapper e, cinematograficamente, descreve a vida do Maurinho, como ele era chamado pelos amigos. "Vou vivendo pelos cantos/ Desviando dos escombros", diz Sabotage. "Senhor, me dê mais fé", apela, em outro momento. "A chave/segredo/Posso viver bem mais", canta Sabotage. "Não gosto deste filme", diz em outro verso. 
 
Para não deixar o astral cair, até porque Sabotage não era disso, a faixa seguinte é um rap-samba de primeira, Maloca é maré, com participação de Rapin Hood, o homem que tirou Sabotage do crime para lançá-lo na carreira de artista. Hood e Sandrão, do grupo RZO, que também participa do disco, foram responsáveis pela virada na vida do autor do clássico O rap é compromisso, que deixou apenas um disco solo, lançado em 2000. 
 
Dezesseis anos depois, o segundo solo de Sabotage contou com a participação de muitos amigos e admiradores, além dos produtores que o idealizaram. Estão lá B Negão, Céu, Funk Buia, Dexter, Rappin Hood, Negra Li, DBS e o convidado Shyheim, do coletivo americano Wu Tang Clan. Demorou 13 anos para o disco sair, cercado de carinho e dos cuidados de talentosos amigos. Sabotage, sem dúvida, é um dos lançamentos mais bacanas deste 2016. A competência de Ganjaman, Instituto, Cia, Tropkillaz, etc. garantiu  sonoridade envolvente da primeira à 11ª faixa. Tem rap, samba, levada meio bossa nova, rock, piano, guitarra e flauta - e, sobretudo, muito hip-hop na veia. O Spotify promete para esta noite a audição especial do disco, com direito a depoimentos dos amigos, músicos que participaram do projeto e da família do rapper. O horário anunciado é 20:55.
 
Ouça:
 
 

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