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Mallu Magalhães marca dois shows no Brasil para preparar o novo álbum

A cantora vive em Portugal com Marcelo Camelo e pretende fazer as apresentações no Brasil em 2017 com canções em português

Estado de Minas
Depois de desfeita a Banda do Mar, Mallu Magalhães lançou na internet a canção Casa pronta e se apresentou no formato voz e violão no Rio e em São Paulo - Foto: Marcelo Camelo / Divulgação
Foi bonita a festa da Banda do Mar, pá. Na cabeça de Mallu Magalhães estão bem vivas as imagens daqueles shows em que “as pessoas pulavam, cantavam e gritavam, e a gente tocava de short e tênis”. Mas agora o grupo “de rock cantado em português” que ela montou com o hermano Marcelo Camelo e o baterista português Fred Ferreira é um quadro na parede, “uma casa para onde a gente pode voltar sempre”.

É hora de a cantora paulistana de recém-completados 24 anos voltar à carreira solo, interrompida em 2013. Depois de uma canção que soltou na internet há pouco mais de um mês, Casa pronta, ela deixa Portugal, onde fixou residência com Camelo, para Saudade, dois shows de voz e violão realizados em São Paulo e no Rio. “É bem estranho estar no palco e não tê-los comigo. Mas, ao mesmo tempo, isso é o que faço desde que me reconheço por gente: tocar meu violão para as pessoas ouvirem”, diz Mallu, hoje mãe de um bebê, Luísa, de oito meses, fruto de sua relação com Marcelo Camelo.

Um apanhado de músicas de seus três álbuns solo e do disco da Banda do Mar, Saudade traz como novidade a bossa nova Casa pronta , canção que dá pistas sobre o álbum de inéditas que ela começa a preparar para o ano que vem. “As composições vão bastante nesse caminho (do Casa pronta). E vou procurar músicos que me ajudem a atingir esse resultado.
Minha intenção é fazer um disco de música brasileira, com todas as músicas em português, na intenção de cantar para o Brasil. Nunca fiz isso”, conta Mallu.

Tanto na nova canção quanto em Quando ela olha pra você (que Gal Costa gravou em seu disco do ano passado, Estratosférica), percebe-se que a musa folk, depois de uns flertes com o samba, aderiu a uma pulsação diferente – algo até um tanto benjoriano, admite.

“Esse suingue vai entrando na gente e, quanto mais a gente escuta, mais a gente balança”, poetiza ela, que incluiu no show até um samba de Almir Guineto, Motivo. “Eu tinha um contato com o samba paulista, de Adoniran Barbosa, mas com o samba carioca a relação é mais recente. E o fato de eu morar fora do país me fez escutar muita música brasileira. Muito Jorge Ben, Caetano, Gal, Almir e aqueles primeiros discos do Zeca Pagodinho.”

No meio do caminho, veio ainda uma leve (mas significativa) mudança de instrumento. “Como no começo da carreira eu escutava mais folk e rock, era o violão de cordas de aço que eu tocava. Mas aí fui gostando mais de MPB e tocando mais o de cordas de nylon. Hoje, é só ele que tenho em casa. Na hora de compor, isso acaba meio sugerindo um tipo de música”, explica.

METAS

Com Luísa a tiracolo na viagem, Mallu lamenta que a turnê Saudade seja tão curta. “Neste momento, tenho que colocar metas atingíveis”, assume. “Preparei-me pra caramba, tive o maior trabalho de fazer o cenário e marquei só dois shows. Fico pensando muito nos fãs que não podem ir ao Rio ou a São Paulo. Mesmo nessas duas cidades, em que tenho apoio da família, é difícil.”

De certa forma, Saudade serve a Mallu como uma espécie de laboratório para o disco.
“No show, as músicas que o público canta mais são as em português. Minha ideia é fazer um disco comunicativo. Muito embora ele seja pessoal e a composição tenha uma função terapêutica, é um disco para ir ao encontro das pessoas. E a experiência do show de voz e violão reforçou ainda mais esse canal com o público. Como meio de transporte, a música brasileira é muito funcional, você consegue chegar aos corações das pessoas.”

Reiterando a sua finalidade de “fazer um disco bonito com músicas bonitas”, e não de, simplesmente, sair em busca de um público mais amplo, Mallu adianta que o novo trabalho terá produção de Camelo (“A gente se deu bem no estúdio, ele é um ótimo produtor, e esse é também um jeito de estarmos juntos. Além do mais, se tem uma pessoa que conhece samba carioca e música brasileira, é o Marcelo”). E será feito metade no Brasil, metade em Portugal, com músicos dos dois países.

A saudade que dá nome ao show de Mallu não só é real como é também forte. “No ano passado a gente acabou a Banda do Mar, depois o Marcelo teve shows com os Hermanos, e aí a gente voltou a Portugal para ter a nenê. Fiquei muitos meses lá, sem voltar para cá, e aí sim eu senti falta do Brasil”, conta ela, que aproveitou bastante os três anos de vida lisboeta. “Poucas pessoas têm o privilégio de ir atrás do lugar onde se sentem bem.
Nossa profissão é bem desgastante, mas tem esse privilégio, que é poder ser nômade. A gente resolveu experimentar Portugal, porque o Marcelo tinha família lá. Já eu sou uma pessoa mais ou menos tranquila, sou fácil de me adaptar e gostei muito da experiência. A gente tem tido bastante paz no dia a dia. A gente aproveita essa calma e também a cultura diferente.” (Silvio Essinger, Agência Globo).