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Canto universal

Xangai e Luiz Gabriel Lopes interpretam as músicas um do outro no Teatro Bradesco

Os dois artistas se encontrarão no palco do Teatro Bradesco, amanhã, dia 30. Show faz parte do projeto Vozes do Brasil

Walter Sebastião
- Foto: Daniel Kersys/Divulgação e Maria Vaz/Divulgação
“Quando você é convidado por um colega para participar do show dele, você se sente agraciado”, diz Xangai, sem esconder como são cativantes propostas assim.


Ele se refere ao convite do mineiro Luiz Gabriel Lopes, com quem vai se apresentar amanhã, no Teatro Bradesco. E retribui a consideração: “Estou estudando as músicas de Luiz Gabriel para cantar certinho. Ele faz música bonita e caprichosa”.

O encontro é parte do projeto Vozes do Brasil, que reúne duplas de cantores e compositores. Esta noite, os convidados são Frederico Heliodoro e Lô Borges.

O fazedor de rios, de Luiz Gabriel, faz parte do repertório do convidado. Por sua vez, Gabriel vai interpretar Estampas Eucalol, de Xangai. Juntos e sozinhos, eles apresentarão repertório essencialmente autoral. “Canções que tiro da cartola de acordo com o momento”, avisa Xangai, sem adiantar o que vai mostrar.

Mineiro criado na Bahia, Xangai traz na bagagem o CD recém-lançado, só de voz e violão, com produção de Mário Ulloa, “um dos melhores violonistas do Brasil”, segundo ele.



O trabalho concorreu nas categorias melhor disco e melhor cantor regional do Prêmio da Música Brasileira 2016 – venceu a última. “Agradeço a premiação, mas não sou cantor regional, sou universal. Não me encaixo em rótulos”, afirma.

DE DENTRO Xangai diz que não é cantor, mas cantador. “O cantador canta a circunstância dele, a música que faz vem de dentro para fora. Ele só canta o que quer, o que expressa o real sentimento dele. A música é que pede para ser cantada”, define.

Ele enumera os cantadores brasileiros: Gilberto Gil, Chico Buarque, Cartola, Adoniran Barbosa, Lupicínio Rodrigues e Renato Teixeira. “O maior deles, o mestre, é Elomar”, acrescenta.

Ser cantador não é melhor do que ser cantor – “Há cantadores que cantam mal”, observa Xangai. Inclusive, há quem cumpra os dois papéis, como Milton Nascimento. A diferença é que a música do cantor é marcada pela digital dele, que faz dela algo absolutamente impossível de clonar.

Arredio a classificações, Xangai evita definições muito fechadas sobre seu trabalho. Primeiro, prefere explicar que é rigoroso, “extremamente exigente”. Por isso, sua obra é reduzida. Ele não esconde o gosto “pela beleza, sofisticação e simplicidade, que pluraliza tudo e toca fundo no coração”.
Isso está na música de Ataulfo Alves, Celso Adolfo, Tião Carreiro e Pena Branca e Xavantinho, cita. “Elis Regina e Ney Matogrosso colocam tanto deles na música que se tornam compositores”, conclui.

VOZES DO BRASIL

Hoje, às 21h: Frederico Heliodoro convida Lô Borges Amanhã, às 21h: Luiz Gabriel Lopes convida Xangai. Teatro Bradesco. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

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