Tem mineiro no Montreaux Jazz Festival, na França, um dos eventos musicais mais importantes do mundo. Hoje, quem vai se apresentar por lá – a convite de Quincy Jones – é o belo-horizontino Nil Lus, de 53 anos.
Menino humilde, ele se destacou inicialmente no esporte, mas a música estava em seu sangue desde os 10 anos. “Nasci no Bairro Boa Vista. A infância era pobre, tanto que meu violão era emprestado. Aprendi sozinho. Certo dia, estava na rua tocando quando um senhor de idade passou e me disse que o instrumento era desafinado. Respondi que não. Ele me tomou o violão e o afinou.
Aluno do Colégio Estadual Central, onde jogava de handebol, Nil se tornou atleta do Ginástico e chegou a pivô da Seleção Brasileira. Era conhecido como “Canhão”. “A gente ganhava, saía para comemorar e sempre aparecia um violão. Assim, eu juntava as duas coisas de que gostava: handebol e música”, conta.
Os barzinhos de BH foram a “escola de música” e o ganha-pão dele. “Tocando nesses locais, aos quais devo muito, consegui me formar em educação física, administração e economia”, lembra. Nil se mudou para os Estados Unidos e, posteriormente, emigrou para a Europa. Na Alemanha, um produtor se interessou por suas composições.
“Fiz mais de mil canções. Participei de concertos na América, Europa e Ásia. Em Portugal, fundei o projeto Lusofonia: Sons da Fala em parceria com Sérgio Godinho, Vitorino, Tito Paris e outros”, conta ele, que gravou 11 discos. Em 2006, o mineiro venceu concurso promovido por uma gravadora alemã para montar a trilha sonora da Copa do Mundo, na África do Sul. A canção se chamava Tambor.
“É a minha segunda vez em Montreux. A primeira foi em 2004”, comemora.
Depois de 30 anos no exterior, Nil voltou a morar em Belo Horizonte, onde continua se dedicando à carreira musical.
TRUPE
Neste sábado, ele vai tocar no espaço Music in the Park, em Montreux. E fez questão de levar para a França uma trupe totalmente mineira: Tattá Spalla (guitarra), Eneias Xavier (baixo), Christiano Caldas (teclados), Artur Rezende (bateria), Rudney Carvalho (cavaquinho), Alessandro Contri (DJ), Zeca Magrão e Mateus Moreno (percussões), além dos técnicos Pingo e Alberone (som) e Alexandre Vale (luz).
O palco onde os mineiros vão se apresentar terá também shows da Philadelphia Jazz Orchestra, JM Jazz World Orchestra, Académie Suisse de Cor des Alpes, The Young Gods e Nação Zumbi Project. O encerramento ficará a cargo do grupo Capoeira Gerais e do mestre Mão Branca, também de BH..