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Destaque da cena de BH, Cabezas Flutuantes lança Experimental macumba

Banda celebra o movimento de resistência cultural na cidade. Hoje, tem show no Cine Theatro Brasil

Estado de Minas

Tecnobrega, lambada, sambinha de guitarra, folk, vocalistas diferentes que se revezam na interpretação de músicas cantadas em diferentes línguas.
Tudo junto, mixado e embrulhado no mesmo disco, Experimental macumba, da banda Cabezas Flutuantes. A aposta parece anárquica? Bem, não é à toa que o pensador anarquista Hakim Bey foi citado na primeira faixa, A ostra e o vento.

“Fiz essa há muito tempo e quis colocar no disco. Ela traduz a liberdade que temos com a música. Pode ser caótica, mas é o abre-alas do que está por vir, da pluralidade maluca desse projeto”, explica a cantora e compositora Carou Araújo. O show de lançamento está marcado para hoje à noite, no Cine Theatro Brasil Vallourec.

Se o primeiro CD, Registro (2013), trazia sonoridade mais introspectiva, o segundo é dançante. “Um é para ouvir sentadinho, o outro é mais pra cima”, sintetiza Carou. Segundo ela, o resultado final vem da “pesquisa musical de ritmos brasileiros e latinos somada à vontade de trabalhar diferentes estilos, misturando todos eles”.

A mudança de perfil dos dois trabalhos indica a característica mutante – ou melhor, flutuante – da banda belo-horizontina.
“No início, era para ser só um disco de estúdio, mas o público começou a pedir shows e começamos a fazer. Não era para ser uma banda, quando vimos ela já existia. Hoje temos o núcleo duro, mais constante, mas com muita liberdade. Por isso, não temos vocalista fixo. A gente gosta de fazer essa rotação, assim cada show é diferente”, explica.

COESÃO


Costurar tecnobrega com folk e obter um resultado coeso e que faça sentido não é tarefa fácil. Em Experimental macumba, a arte da capa explicita o porquê da mistura: assinado por Estevam Gomes, o desenho traz elementos da nova cena cultural de Belo Horizonte. Estão lá o Duelo de MCs, a Praia da Estação, o Viaduto Santa Tereza e o carnaval de rua – expressões de resistência cultural e política.

“A capa traduz bastante o que a gente quis passar, a mistura de ritmos tanto musical quanto de vida, tanto em matéria de Minas quanto de Brasil”, comenta Carou.

A diferença de três anos entre o primeiro e o segundo disco se explica pelo caráter “flutuante” do grupo, sem dedicação exclusiva dos artistas. “A gente foi fazendo com calma. A ideia do que queríamos foi amadurecendo. Gastamos um tempo na contemplação, só depois ele foi para a produção”, observa Carou.

Em tom de protesto, surgiu a canção Di menor. “Queríamos fazer uma contestação, de forma leve, à questão da redução da maioridade penal. Quisemos deixar o nosso protesto, levantar a nossa bandeira contra esse absurdo”, explica a compositora.

Di menor ganhou clipe e, assim como a capa de Experimental macumba, passeia pelo Viaduto Santa Tereza, com cenas também na ONG Lá da Favelinha, no Alto São Lucas. A força política da letra, às vezes, nem sequer é notada.
“Suavizamos muito, mas a própria capa traz movimentos contestadores”, afirma. “É urgente os artistas se envolverem com a realidade política do país”, reforça.

Depois do pré-lançamento de Experimental... no festival SXSW, em Austin, no Texas (EUA), o grupo se prepara para o show em BH, hoje à noite. “Será um espetáculo superdiferente, com cenários, projetores e iluminação”, detalha Carou. Diego Hemétrio, Luisa Garcia e Thales Silva (A Fase Rosa/Minimalista) fazem participações especiais. As projeções assinadas por Carou ficarão a cargo de Arnaldo Fabbri (VJ Bah).

“Todo mundo está curioso para saber como vamos costurar a mistureba que a gente fez nesse disco. Nós também estamos muito curiosos para ver como vai ser”, brinca Carou, mantendo o suspense.



EXPERIMENTAL MACUMBA

De Cabezas Flutuantes

. A ostra e o vento
. Di menor
. Rela
.
Broken
. Pega pega
. Quince pesos
. Mal acostumado
. Amantes

CABEZAS FLUTUANTES
Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec. Praça Sete,
Centro, (31) 3201-5211. Hoje, às 20h. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)..