Paixão universal

Festival Internacional de Acordeom comprova a múltipla sonoridade do instrumento

Maratona mostra que a versatilidade da sanfona vai muito além do forró e do tango. Músicos do Brasil e do exterior se apresentam em Belo Horizonte

Eduardo Tristão Girão
André Seiti/divulgação - Foto: André Seiti/divulgação
Tornou-se comum o brasileiro associar a imagem do acordeom à de um instrumento porta-voz do que é interiorano. Trata-se de meia verdade. Nem é preciso sair do país para encontrar músicos que fogem do lugar comum tendo a sanfona no colo, ainda que se valham do forró, do caipira e do chamamé como matéria-prima. Considerando o panorama internacional, as variações de estilo e técnica são ainda maiores. É essa a riqueza que promete mostrar o Festival Internacional de Acordeom, que será realizado até sábado em Belo Horizonte.


Em sua terceira edição, o evento trará para o palco do Cine Theatro Brasil Vallourec shows de Ricardo Herz & Samuca do Acordeon, Projeto Brasil & Quarteto de Cordas e Oscar dos Reis Trio. Entre as atrações internacionais estão Rodolfo Mederos Trio (Argentina), Roberto Fuccelli (Itália) e João Frade & Munir Hossn (Portugal e Brasil). A abertura da programação caberá aos mineiros do grupo Toca de Tatu, com participação do acordeonista Lucas Viotti.

“Essas pessoas mostrarão o que está acontecendo com o acordeom no mundo. João Frade tem se destacado por tocar música contemporânea portuguesa instrumental, por exemplo.

Vindo da Itália, o Roberto Fuccelli é um grande acordeonista, professor, com trabalho solo muito legal. Da Argentina trouxemos um ícone: Rodolfo Mederos. Um dos últimos moicanos da época do Astor Piazzolla, ele dará uma panorâmica da música do seu país”, resume Célio Balona, diretor artístico e um dos curadores do festival.

Balona também é acordeonista e, não por acaso, tocará hoje. Acompanhado por seu grupo, o Projeto Brasil, e quarteto de cordas, revistará standards brasileiros e clássicos internacionais para o instrumento, o que inclui peças de Piazzolla. Por falar no grande compositor argentino, outra atração deve apresentar composições dele: Oscar dos Reis, que tocará no sábado (mesmo dia de Mederos), também domina esse repertório.

VIOLINO Com álbum novo na praça, Novos rumos, Samuca do Acordeon e Ricardo Herz (violino) vão mostrar por que acreditam no choro como caminho para a valorização da sanfona. “Nós nos conhecemos no choro, que dá o tom do disco, mas tocamos também milonga, frevo e chamamé. Essa formação foi uma surpresa para mim. Ricardo é muito talentoso e mostra que o instrumento não se limita ao solo, pois também faz base. Consigo ficar livre para solar. Aliás, a gente divide bastante os solos e acompanhamentos”, diz Samuca.

“Com a chegada da bossa nova, o acordeom caiu em desuso e os músicos passaram a usar mais piano e guitarra. Edu Lobo e João Donato, por exemplo, eram acordeonistas e passaram para o piano. Mas Sivuca, Chiquinho do Acordeon e Dominguinhos levaram adiante essa bandeira. Principalmente o Sivuca, que segurou a peteca no instrumental.
Nos anos 1990, começou o movimento mais efervescente, com gente como Renato Borghetti. No Sul, sou o único acordeonista que faz regional de choro com acordeom”, conclui Samuca.

FESTIVAL INTERNACIONAL DE ACORDEOM
Grande Teatro do Cine Theatro Brasil Vallourec.
Praça Sete, Centro. Ingressos: R$ 30 (inteira) e
R$ 15 (meia-entrada), à venda na bilheteria
(das 11h às 21h) e no site www.compreingressos.com.
Informações: (31) 3201-5211 e 3243-1964

PROGRAMAÇÃO

HOJE (12)
•20h – Toca de Tatu convida
Lucas Viotti (Brasil)
• 21h – Roberto Fuccelli (Itália)
• 22h – Projeto Brasil &
Quarteto de Cordas (Brasil)

AMANHÃ (13)
• 20h30 – Ricardo Herz &
Samuca do Acordeon (Brasil)
• 22h00 – João Frade & Munir Hossn (Portugal e Brasil)

SÁBADO (14)
• 20h30 – Oscar dos Reis
Trio (Brasil)
• 22h – Rodolfo Mederos
Trio (Argentina)

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