Roberta Sá apresenta sambas inéditos do novo disco, parcerias e sucessos

Cantora caracteriza o trabalho como elegante e norteado pelo amor

por Ana Clara Brant 01/04/2016 08:00
Daryan Dornelles/Divulgação
(foto: Daryan Dornelles/Divulgação)
Certa vez, Roberta Sá ouviu uma frase da fadista portuguesa Amália Rodrigues que nunca saiu de sua cabeça: “Para cantar, a gente só precisa de um vestido preto”. E foi essa citação que inspirou a cantora e compositora a idealizar o seu mais novo show, Delírio, que será apresentado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, hoje à noite. “Queria algo bem simples, minimalista, mas, ao mesmo tempo, elegante. O foco é a música, a estrela é a canção, ainda mais num trabalho como esse que tem um repertório inédito e tão precioso”, comenta. A equipe que comanda o espetáculo, que tem o mesmo nome do disco – Gabriela Gastal (direção), Valéria Costa (cenografia) e Tomás Ribas (luz) – seguiu à risca o conceito desejado pela potiguar.


A estreia da turnê ocorreu em novembro no Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora. A cidade mineira tem servido de teste para muitos artistas, como Ney Matogrosso, Djavan e a Companhia de Dança Deborah Colker. “Facilita pelo fato de ter uma proximidade muito grande com o Rio e acho que tem uma coisa de pé de coelho também. Tudo que começa nesse teatro, que, aliás, é lindo de morrer, dá supercerto”, opina.

Roberta diz que o público tem aprovado o set list da apresentação, que conta não só com as 11 faixas do novo CD. Entre as inéditas, há canções de Adriana Calcanhotto, Cézar Mendes, Tom Veloso e Martinho da Vila, além dos sucessos de sua carreira Samba de um minuto, Cicatrizes e Fogo e gasolina.

Delírio é um trabalho norteado pelo samba e, sobretudo, pelo amor. A cantora defende que, mais do que nunca, não só o Brasil, mas o mundo precisa focar nesse sentimento. Por isso a ideia de fazer um disco com essa temática. “Não acho que o ódio esteja ganhando do amor. O trabalho do artista hoje é falar justamente daquilo que ele acredita e acredito no amor como uma maneira primordial de resolver conflitos. Nunca precisamos tanto da arte, da beleza e do amor para sucumbir às bombas que, de uma maneira geral, estão caindo sobre nossas cabeças”, filosofa.

COMPOSITORA Um aspecto interessante do álbum é o lado autoral de Roberta Sá. Ela se intitula uma “compositora bissexta” e que, vira e mexe, recebe incentivo dos colegas para compor mais. A cantora diz achar complicado criar canções, já que cresceu ouvindo os principais nomes da MPB: Tom Jobim, Milton Nascimento e Chico Buarque. “É um processo bem difícil e lento. Costumo muito dar ideias, dar o tema, tanto que nunca fiz letra, só melodia. Mas tenho sido encorajada por amigos, como o Xande de Pilares, que tem me ajudado muito a ter mais essa liberdade criativa. Quem sabe não lanço um disco só com coisas autorais?”, revela.

Com direção de movimento de Márcia Rubin, que ajudou Roberta a ter um trabalho de corpo mais “equilibrado e contido” no palco – e figurino da grife Martu, a cantora estará acompanhada por Alberto Continentino (baixo), Paulino Dias e Marcos Suzano (percussão), Pedro Franco (bandolim e cavaquinho) e Rodrigo Campello (arranjo e violões). “Gosto muito de me apresentar em BH e estar no Palácio das Artes, que é um palco sagrado, é mais mágico ainda”, celebra.

DELÍRIO
Show de Roberta Sá. Hoje, às 21h, no Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos: Plateia 1 e 2 – R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia). Plateia superior: R$ 120 (inteira) e 60 (meia). Classificação: 10 anos. Vendas on-line: www.ingresso.com.


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