Depois de surgir no cenário musical do Rio de Janeiro com a alcunha Novíssimos Compositores de Música Carioca – que servia para alertar o público dos shows de que se tratava de música autoral –, o septeto abreviou seu nome para Novíssimos e deixou de fazer apenas “música carioca” – no álbum, são claras as referências ao baião, ao jazz e até à música árabe.
“Nosso disco tem várias reverências, mas queremos sempre uma linguagem diferente. O jazz, por exemplo, nos ajuda a puxar uma criatividade. No geral, o pessoal gosta de desafios, de fazer o inesperado”, diz Alberto Americano (violão, guitarra e cavaquinho), de 28 anos.
A formação da banda, que inicialmente era de samba, sem baixo nem bateria, mudou, incluindo mais cordas, percussões e metais. Além de Americano, integram o grupo Marcelo de Lamare (voz, violão e guitarra), David Rosenblit (piano e teclados), Chico Cabral (percussão), Diogo Acosta (sax e flauta), Felipe Larrosa Moura (bateria) e Lupa Maia (contrabaixo), todos com idade entre 24 e 30 anos. A maioria deles estudou na construtivista Escola Parque, na Gávea, e cinco dos sete escolheram a música como carreira acadêmica.
VIOLÃO COM LÔ
Americano conta que cresceu ouvindo o pai tocar músicas do Clube da Esquina no violão. “Meu pai foi vizinho do Lô Borges em Santa Teresa, no Rio, e aprendeu a tocar as músicas com o próprio. Uma das homenagens do disco é a Minas Gerais”, conta o compositor, referindo-se à faixa Aldeia velha.
O baião Estrada de terra é outro momento de respiro bucólico no disco e conta com as participações de Ivan Lins e do multi-instrumentista Marcelo Caldi. “O Ivan é um dos maiores incentivadores de novos músicos aqui no Rio. Ele viu um vídeo de Choro nervoso e pediu para gravar alguma faixa do disco com a gente. Marcelo é nosso companheiro há anos e um expoente muito forte da música instrumental”, diz.
A vertente carioca e urbana de Um fica por conta de faixas como Isabel, também assinada por Americano . “Eu quero é bar, ter bordel / Ter garrafa de uísque, ser como Noel/E antes que você pisque, acabar no Pinel/Pensando ser Jobim/Eu sou feliz assim”. Depois de um início com arranjos tímidos, Isabel se embriaga de vez num solo de trombone (por Vittor Santos) que dura quase dois minutos.
E os tributos no disco não se restringem aos ídolos na música. O samba-jazz Sujinho do rato é uma reverência aos amigos dos músicos. A música narra uma noite bem carioca: da preparação para sair de casa, passando pelo bar que serve de ponto de encontro para a turma, até o fim da aventura em alguma casa de shows. A letra alegre foi uma forma de homenagear um amigo de Americano que havia acabado de falecer. “Renato morreu de câncer pouco antes da composição. Foi a nossa primeira perda”, conta.