Vieram os anos 2000 e, com eles, projetos diversos. Fez parte da banda de Arnaldo Antunes e gravou com ele o álbum em duo A curva da cintura. Foi um dos criadores da banda-projeto dedicada ao público infantil Pequeno Cidadão. Também tocou (e gravou) com Karina Buhr e Bárbara Eugênia.
Ao citar todos os projetos, o guitarrista acredita ter esquecido de algum. Compreensível, ainda mais porque está envolvido com nova formação.
Scandurra mandou músicas, Silvia fez a voz, escreveu algumas letras. A dupla chegou a 10 canções, lançadas primeiramente em formato digital pelo 180 Selo Fonográfico. Este mês sai o álbum físico. E, para março, estão prometidas edições em vinil e até mesmo fita cassete.
FEMININO Scandurra chama dream pop a sonoridade das canções com Silvia. “Ao pé da letra, pop dos sonhos, algo que adoraria ouvir nas rádios”, comenta. São músicas etéreas, com um vocal delicado, por vezes sussurrado. A guitarra tem um pé na psicodelia. Ainda que a dupla assuma quase tudo, há aqui e ali uma participação, caso de Curumim (que gravou a bateria em duas canções) e do tecladista André Lima, coprodutor do álbum.
Depois de trabalhar com algumas cantoras, Scandurra queria registrar suas canções com uma voz feminina. “Nos últimos anos, as mulheres tomaram a frente na música pop. Tulipa, Céu, na verdade, desde a Marisa Monte há uma leva de meninas talentosas. Queria me encontrar neste caminho e a Silvia tem um pensamento ligado ao meu, do pós-punk, uma coisa mais underground”, acrescenta.
Ele acredita que o álbum Est pode levá-lo a outras praias.
PALCO A fala do guitarrista bate de frente com o que tem feito nos dois últimos anos. Depois de sete anos de litígio, Scandurra e Nasi fizeram as pazes e retornaram aos palcos com o Ira! em 2013, numa série de shows retrospectivos. “Hoje estamos com outra formação (o baterista André Jung e o baixista Ricardo Gaspa nunca foram cogitados para voltar a tocar na banda) e o momento do palco é muito bonito, prazeroso. Mas tenho que ter horizontes diferentes”, assume.
O reencontro com Nasi pode gerar um álbum de inéditas, mas tudo, por ora, está muito embrionário. Scandurra tem quatro músicas compostas, Nasi passou uma letra para ele, ainda não musicada. E só. “Podemos ter um novo registro desde que não seja revisitar as músicas antigas.
Tampouco há uma agenda para isso. “Nossa carreira é nosso maior rival. Não posso gravar um disco que seja só um apanhado de canções novas, tem que ter um conceito. O tempo traz mais autocrítica, você se torna muito exigente com você mesmo.”
Scandurra se autodenomina “operário do rock”. “Meu cansaço (de show) dura no máximo duas semanas. Logo vem uma coceira de ponte aérea, poltrona de ônibus, quarto de hotel e passagem de som. Nos anos 1990, me escondia na hora de passar o som. Agora faço questão de ir, tocar e improvisar com a banda.” Música, para ele, é de segunda a segunda..