Uai Entretenimento

De perto (ou nem tanto)

Meet & greet: por que fãs pagam caro para ficar pertinho dos ídolos?

Interações custam caro e aproximam fã do artista. Mas será que esses recursos são um benefício para os admiradores ou para os astros?

Rebeca Oliveira

Vale tudo por um artista? Há muita gente que diz que sim.

Um exemplo disso é a quantidade de interações entre ídolos e fãs que vêm surgindo ao longo dos anos. O próprio avanço da internet proporcionou muitos deles: hoje é possível acompanhar quase que ao vivo o dia a dia dos artistas por redes sociais como Snapchat, Facebook, Twitter e Instagram.

Mas o que realmente cresce é a interação por meio do chamado meet & greet (conhecer e cumprimentar, em tradução livre). O encontro íntimo se tornou um dos principais recursos dos artistas do mundo pop para conhecer os admiradores e ainda ganhar dinheiro em cima disso.

 

“Quem frequenta shows sabe que a experiência já não é vivida da mesma maneira. É tanto celular para cima e arenas tão grandes, que o público já não se satisfaz. O meet & greet amplia essa proximidade do artista. Permite dizer em uma roda de fãs se o ídolo é simpático, tímido, educado, espontâneo… Isso é bacana para quem admira um artista”, analisa Wilson Nemov, DJ, produtor de evento e organizador de meet & greet. No Brasil, fãs de Justin Bieber pagaram pequena fortuna para estar por segundos com ídolo - Foto: Reprodução de internetHá cerca de um ano, Nemov adotou o meet & greet com os fãs em seus eventos, principalmente, com participação de atrações internacionais.

Nesse período, ele já organizou o encontro para nomes como as drag queens Laganja Estranja, Bible Girl, Gia Gunn, Katya Zamolodchikova e com a funkeira brasileira Yani, a Mulher Filé. “É importante para gerar uma aproximação entre o artista e o fã. Ainda que rápido, um abraço e uma foto para posteridade têm valor. A selfie virou o novo autógrafo”, defende.

A jovem Isis Mendes, 24 anos, concorda com o produtor. Ela já gastou mais de R$ 1 mil para participar de um meet & greet. Hoje em dia, ela diz que não faria, mas que, voltando no tempo, acredita que valeu a pena. “Eu acompanhava tudo que envolvia o RBD, passava 24 horas por dia escutando as músicas, então, ter uma chance de chegar perto, ir ao show... Foi aquela ansiedade de realizar o maior sonho da vida”, diz. Isis participou de dois encontros com a cantora Anahí e em um deles, inclusive, almoçou com a cantora.

Resultado do colapso da música
Além do encontro por meio de meet & greet, muitos artistas aproveitam a popularidade para gerenciar o contato com os admiradores da maneira que melhor convém. Pouco antes de revelar uma parceria com o rapper porto-riquenho Daddy Yankee — com quem lançou Corazón, seu primeiro single internacional — a cantora Claudia Leitte causou polêmica ao anunciar a adesão à rede social Fanation.

Disponível no site da cantora, o aplicativo que presenteia fãs dedicados promete brindes como ligações e até cantar junto à artista. Cada publicação ou curtida no Instagram, por exemplo, valem pontos que podem ser trocados por presentes e experiências exclusivas.

 

No início do mês, ao ser abordada por fãs em Natal, a loira afirmou que não tiraria fotos ou abraçaria mais ninguém que não fossem os contemplados pelas premiações da rede social. Apesar de afirmar que a medida era temporária, a atitude deixou revoltados alguns admiradores da artista de São Gonçalo.

“Metida”, “ridícula” e “antipática” foram alguns dos comentários deixados por usuários da rede social quando a cantora postou a novidade, que desagradou a uma parcela de fãs, criticando-a por mercantilizar sob algo natural — ser abordada em shows e eventos sociais, sobretudo em uma época em que redes sociais promovem uma horizontalização da relação entre fã e artista.

Em artigo publicado no jornal The Guardian, o articulista Michael Hann levantou um ponto que une eventos como o meet & greet e a adesão de artistas a plataformas como a Fanation: o colapso da música em seu formato tradicional.

“Com os rendimentos em declínio, artistas espertos olham para seus fãs como uma maneira de compensar esse déficit, oferecendo a eles novos níveis de acesso”, comenta, citando experiências como a da banda Kiss, que, por cerca de R$ 4 mil, permite que os fãs se sentem na primeira fila, ganhem autógrafos, tirem fotos com membros da banda e assistam à passagem de som, entre outros benefícios. “Pacotes VIP e meet & greet não recompensam os fãs mais leais. Recompensam os que têm mais dinheiro”, criticou o jornalista britânico.

 

Como fazer - Foto: Reprodução de internetConsiderada a rainha do meet & greet, Rihanna não poupa esforços para fazer a experiência dos fãs que pagam por um encontro com ela um momento inesquecível. A política de intocável a qual alguns artistas ficaram conhecidos passa longe da personalidade da cantora de Barbados, que se mostra simpática e acessível a cada imagem com fãs. Rihanna tem fama de recebê-los bem mesmo quando não desembolsaram algum dinheiro pelo momento. Engrossam a lista de “queridinhos” de interação Miley Cyrus, Selena Gomez e Taylor Swift.

Como não fazer - Foto: Reprodução de internetO encontro promovido pela cantora Avril Lavigne entra na lista por razões pouco louváveis. O sorriso desconfortável e a falta de contato entre a canadense e os fãs a tornaram uma piada internacional. Parte dos encontros desastrosos aconteceram no Brasil em 2014 e causaram burburinho — a ponto de a roqueira ser alfinetada por Taylor Swift, conhecida pelos momentos calorosos com os fãs —, principalmente porque custaram uma pequena fortuna, cerca de R$ 800. Outro que já desagradou foi Justin Bieber, que cobrou R$ 2,8 mil em um meet & greet de poucos segundos e que muitas fãs acabaram sendo maltratadas pelos seguranças.

.