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No Mineirão, Eddie Vedder cobra punição a responsáveis pela tragédia em Mariana

Líder do Pearl Jam disse ainda estar disposto a doar parte do cachê do show realizado em BH às vítimas do desastre ambiental. A banda também lamentou o massacre em Paris, tocando música do grupo Eagles of Death Metal

Eduardo Tristão Girão Mariana Peixoto

Das bandas mais engajadas do planeta, o Pearl Jam confirmou sua antiga vocação para o ativismo no show que fez na noite dessa sexta em Belo Horizonte.
O vocalista Eddie Vedder discursou sobre a tragédia em Mariana, prometeu ajudar as vítimas e ainda pediu às 42 mil pessoas que compareceram ao Mineirão que acendessem as luzes de seus celulares em solidariedade pelo atentado de Paris. E em português - ainda que sofrível.

"É duro quando grandes empresas usam e abusam de terras apenas para lucrar sem nenhum respeito pelo meio ambiente. Acidentes tiram vidas, destroem rios e, ainda assim, eles conseguem lucrar. Esperamos que eles sejam punidos, duramente punidos e cada vez mais punidos para que nunca esqueçam o triste desastre causado por eles", afirmou Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, referindo-se à tragédia de Mariana.

Durante o show. Vedder disse ainda estar disposto a doar parte do cachê do show em Belo Horizonte às vítimas da tragédia. "Estou pensando nas famílias afetadas pelo acidente com a represa", declarou o cantor, nos primeiros acordes de 'Sirens'. O vocalista do Pearl Jam mencionou a criação de um fundo de auxílio às vítimas do rompimento de barragens, onde seria depositado o dinheiro, em nome dos fãs no Mineirão.
"Espero que possamos fazer algo para ajudar, e fazer algo prático", completou. Contatada pelo Estado de Minas, a assessoria do show confirmou a informação, mas disse que o vocalista do Pearl Jam não informou o valor a ser doado.

A prefeitura de Mariana informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ninguém da produção do show ou da banda entrou em contato para oferecer ajuda financieira ou de qualquer outra espécie. Perguntado sobre o fato, o prefeito Duarte Júnior declarou: "Falaram isso mesmo (a banda Pearl Jam)? Nem eu estava ciente disso".

No segundo bloco do show, durante set acústico, Vedder falou do recente atentado terrorista na França: "Uma terrível tragédia aconteceu semana passada. Por favor, acendam seus celulares e vamos mostrar a todos a nossa força, amor e apoio a Paris". E todos atenderam ao apelo do artista, ao som de Imagine, de John Lennon, fazendo deste o momento mais emocionante da apresentação. Uma semana após o atentado, Vedder ainda tocou, pela primeira vez, um cover do Eagles of Death Metal (a música 'Want you so hard (Bad boy news)'). A banda se apresentava na Bataclan quando terroristas do Estado Islâmico abriram fogo contra o público, matando mais de 80 pessoas.



Seguindo a fórmula utilizado nesta turnê, cuja perna brasileira termina domingo, no Rio de Janeiro, a banda tocou repertório totalmente diferente dos anteriores. A começar pela música escolhida para a abertura, Rain, dos Beatles, que a banda havia apresentado em Brasília, só que em outro momento do show.

Na sequência vieram músicas como Sometimes, Sirens, Even Flow, Jeremy, Given to fly e Porch - nesta última, o vocalista desceu do palco para cantar junto à plateia. Ao todo, foram 36 músicas.

Entre as faixas inesperadas, o grupo tocou Pilate, Satan's bed, Deep, Bee Girl e Mankind, que teve o guitarrista Stone Gossard ao microfone (Vedder no backing vocal), como na gravação original. O líder da banda brincou ao dizer que havia manifestantes pedindo que deixassem o colega cantar. Outra surpresa foi Garden, lado B do disco de estreia, Ten, que não havia sido prevista no repertório divulgado pela banda.

Confira a galeria de fotos do show

A exemplo do show de Porto Alegre, o Pearl Jam tocou Comfortably numb, cover do Pink Floyd, outra música que pegou de surpresa a produção.
Uma versão fiel à original, incluindo o solo de guitarra David Gilmour executado praticamente à risca por Mike McCready. À propósito, tantas mudanças bagunçaram o setlist no terceiro e último bloco do show, voltando ao roteiro com Lightning bolt, faixa-título do mais recente álbum de inéditas do quinteto, lançado em 2013.

A chuva fina do início da apresentação parou antes da metade do show e as arquibancadas demoraram a encher. O trânsito caótico na cidade inteira fez com que muita gente entrasse no estádio com o show já em andamento. O que não foi problema para que Eddie e a banda, muito entrosada, comandassem a noite com com performance cheia de energia. Contagiado, o público vibrou. E vibrou mais ainda com Alive. Antepenúltima música do show, foi executada com o estádio já com as luzes acesas. Na sequência, mais uma versão, Rockin in the free world, de Neil Young, a exemplo do que fizeram na apresentação paulista. Depois de altíssima rotação, o show terminou com Yellow ledbetter. Com tudo a que um fã de Pearl Jam tem direito: três horas de música; um repertório inesperado; execução impecável e boas doses de vinho.

Confira o reportório

1 - Rain (Lennon/McCartney)
2 - Sometimes
3 - Elderly woman behind the counter in a small town
4 - Go
5 - Mind your manners
6 - Once
7 - Got some
8 - Rearviewmirror
9 - Pilate
10 - Evenflow
11 - Infalible
12 - Given to fly
13 - I'm open
14 - I am open
15 - Satan's bed
16 - Deep
17 - Jeremy
18 - Why go
19 - Bee girl
20 - Sleeping by myself
21 - Imagine (Lennon)
22 - Sirens
23 - Do the evolution
24 - Want you so hard (Bad boy news) (Hughes/Homme, cover do Eagles of Death Metal)
25 - Corduroy
26 - Mankind
27 - Porch
28 - Eruption (Van Halen)
29 - Garden
30 - Comfortably numb (Gilmour/Waters)
31 - Lightning bolt
32 - Black
33 - Sonic Reducer
34 - Alive
35 - Rockin' in the free world (Neil Young)
36 - Yellow Ledbetter

(Com informações de Paula Carolina e Mateus Parreiras).