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Djambê manifesta indignação com tragédia de Mariana em música: ''Lixo tóxico não dá pra beber''

Banda mineira usa versos de Carlos Drummond de Andrade em composição que critica desdobramentos do rompimento de barragem em Bento Rodrigues



"Desceu rejeito não tem pra ninguém/ e varre cama e sonho/ e segue tudo pro além/ E diga Vale, quanto vale a vida de alguém?".
Emílio Dragão e Priscilla Glenda, vocalistas da banda Djambê, interpretam a dor e indignação de quem acompanha o desdobramento da tragédia de Mariana em Quanto Vale?, canção divulgada nesta terça-feira, 17.

Ao tratar em do rompimento da barragem da Samarco em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, o grupo apresenta a faixa inédita como uma "contribuição para a denúncia do maior crime ambiental do país".

"Esse registro foi a nossa forma de denunciar e externalizar a nossa dor com o que houve em Bento Rodrigues. Essa é a missão, música de mensagem", ressalta comunicado na página oficial da banda no Facebook.

 

A composição de Dragão ainda traz citações do poema Lira itabirana, de Carlos Drummond de Andrade. Publicados pelo gênio mineiro em 1984, os versos tratam da relação entre a Vale e o Rio Doce em tom quase profético.

 

Lira Itabirana

Carlos Drummond de Andrade)

 

I

O Rio? É doce.

A Vale? Amarga.

Ai, antes fosse

Mais leve a carga.

 

II

Entre estatais

E multinacionais,

Quantos ais!

 

III

A dívida interna.

A dívida externa

A dívida eterna.

 

IV

Quantas toneladas exportamos

De ferro?

Quantas lágrimas disfarçamos

Sem berro?

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