Território antes masculino, mundo caipira abre espaço para mulheres

Nomes como Paula Fernandes e a dupla Maiara & Maraisa são exemplos da diversidade

17/11/2015 11:55

Guto Costa/Divulgação e Assessoria Maiara & Maraisa/Divulgação
Paula Fernandes e a dupla Maiara & Maraisa (foto: Guto Costa/Divulgação e Assessoria Maiara & Maraisa/Divulgação)
A música caipira, antes dominada por homens, há algum tempo tem visto as mulheres voltarem a despontar como destaque em seu universo. A mineira Paula Fernandes, por exemplo, está à frente em vendas de muitos homens do gênero. No ano passado, ela foi a artista que mais arrecadou com direitos autorais na música brasileira, segundo dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). “Esse cenário já está mudando. Em 2009, quando eu lancei minha primeira música em novelas, percebi que as meninas estavam se encorajando mais no mercado. Fico orgulhosa de saber que posso ter sido esse espelho”, comenta Paula.

Até há alguns dias, ela era a dona da música mais executada por uma artista mulher no Spotify, com Long live, uma parceria com a americana Taylor Swift, com 5 milhões de audições. Ela perdeu o posto quando Anitta a superou com Deixa ele sofrer. E ela pretende voltar a atingir essa marca com o novo álbum, Amanhecer. No disco, Paula volta a cultuar a música caipira que lhe serviu de base. “Tem a cara do momento em que estou vivendo. De repaginação e das inspirações variadas. Tem o pagode de viola em Água no bico, que tem tudo a ver com a minha origem, e uma pegada totalmente internacional como em Pronta pra você. Tem uma cara do sertão em Pedaço de chão, com Almir Satter. São várias experiências agregadas nesse projeto. Sou uma cantante de música popular brasileira”, defende a cantora.

Sobre voltar às raízes, Paula Fernandes disse que é algo que tem a ver com a sua identidade. “Sou original, nunca fui um produto. Comigo não tem essa coisa de o mercado está assim ou assado”, comenta. Em março de 2016, a artista começará a incorporar as canções em sua nova turnê.

 

 

 

Contra o preconceito
Seguindo um caminho parecido, as irmãs Maiara e Maraisa viram a carreira mudar quando gravaram o primeiro DVD da carreira Ao vivo em Goiânia, em que contaram com participação de artista aclamados como Jorge & Mateus (Fala a verdade) e Cristiano Araújo (Se olha no espelho). Elas superaram a resistência do mercado em relação às duplas formadas por mulheres. “Nunca enxergamos isso no começo. Era uma época em que queríamos cantar e o resto não importava. Com o tempo algumas coisas não aconteciam e, com isso, começamos a nos perguntar qual seria o problema. E uma das respostas foi o fato de sermos mulheres no sertanejo. Mas isso é passado”, defende Maiara. Hoje, as cantoras aproveitam o sucesso de um trabalho que superou essa resistência dentro do estilo musical e rodam o Brasil com a turnê do primeiro DVD.

 

 


Outro exemplo é a cantora Adriana Sanchez, integrante da banda Barra da Saia. A artista lançou neste ano o primeiro disco solo Salve a lua, em que faz um tributo a Luiz Gonzaga. “Senti vontade de viver outros desafios. A Barra da Saia é uma banda exclusivamente caipira. Nesse meu trabalho eu incorporo outros segmentos”, explica.


Sanfoneira, a cantora lembra que o instrumento sempre sofreu resistência. “A sanfona sofreu preconceito, mas ela se renovou. Acho que mostro que a mulher pode tocar sanfona sim e estar na linha de igualdade com qualquer sanfoneiro”, completa.

 

Relembre outras cantoras 

 

Roberta Miranda
Uma das maiores representantes do sertanejo, a cantora completou, em 2015, 30 anos de trajetória com sucessos como Majestade, o sabiá e São tantas coisas. Ela é hoje a quarta cantora brasileira com mais 20 milhões de cópias vendidas. O álbum mais recente é Roberta canta Roberto (2014).

 

Thaeme
A cantora é o grande destaque da dupla Thaeme & Thiago. Vencedora da segunda temporada do programa Ídolos, do SBT, ela começou a investir na carreira sertaneja em 2011. Atualmente, já tem três álbuns com a dupla, Thaeme & Thiago (2011), Perto de mim (2013) e Novos tempos — Ao vivo (2014).

imone & Simaria
A irmãs começaram a carreira em 2012; antes, eram backing vocals de Frank Aguiar. O estilo musical das duas é uma união de forró e sertanejo. Atualmente, estão em destaque com o hit Meu violão e o nosso cachorro, que integra o álbum Bar das coleguinhas, que possui 17 faixas, sendo 13 inéditas.

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