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Homenagem a Maria Bethânia emociona público e cantora durante show em BH

Comemorando os 50 anos de carreira, artista foi ovacionada pelos fãs no Chevrolet Hall e afirmou: "o coração está na mão"

Ana Clara Brant
Show do premio da musica brasileira em homenagem a Bethânia em BH - Foto: Edy Fernandes/Divulgação
Não faz nem um mês que Maria Bethânia desembarcou em Inhotim, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para apresentar o show Bethânia e as palavras, cujo repertório mesclava poesia e canção. Domingo à noite, a diva da MPB voltou à capital para celebrar seus 50 anos de carreira na turnê do 26º Prêmio da Música Brasileira, que tem patrocínio do Banco do Brasil. Quando subiu ao palco do Chevrolet Hall, o impacto foi tão grande que parecia que a cantora não vinha a Minas aqui há anos. O público ovacionou a artista.

“Bethânia tem uma luz diferente. Quando ela surge, é outra energia. Não é qualquer artista que consegue isso não. Ela é uma diva, uma estrela”, comentou o artista plástico Vitório Enriquez, de 44 anos, entusiasmado fã da intérprete.

Realmente, a força e o carisma da filha de dona Canô são únicos. Com voz cada vez mais potente, mesmo aos 70 anos, ela até ofuscou os colegas encarregados de reverenciá-la durante o show.
Zélia Duncan, Arlindo Cruz, Lenine, João Bosco e a atriz Camila Pitanga, novata na arte de soltar a voz, interpretaram clássicos de sua carreira.

CHICO E GIL
 
A apresentação, com patrocínio cultural do Estado de Minas, empolgou um Chevrolet Hall praticamente lotado. O público cantou todas as músicas. Com meia hora de atraso, o show foi aberto por Zélia Duncan, encarregada de apresentar o lado dramático de Maria Bethânia. O repertório reuniu composições de Chico Buarque (Vida e Rosa dos ventos) e de Gilberto Gil (Esotérico).

“Isto aqui é um sonho prolongado. A continuação da grande homenagem para ela no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. É uma honra participar dessa turnê”, comemorou Zélia.

TRAGÉDIAS
 
Com toda sua ginga, Arlindo Cruz mostrou o lado bamba da homenageada interpretando Reconvexo (Caetano Veloso), Apesar de você (Chico Buarque), Rainha negra (Moacyr Luz) e Sonho meu (Dona Ivone Lara). “O povo mineiro está triste. O povo do mundo está triste. Vamos tentar sonhar um pouco com dona Ivone Lara”, afirmou o sambista, referindo-se às tragédias ocorridas em Mariana e Paris.

Em seguida, foi a vez de João Bosco, que cantou Memória da pele, parceria sua com Wally Salomão feita especialmente para Maria Bethânia, e Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos). O cantor e compositor mineiro cedeu seu lugar no palco para Camila Pitanga. No repertório da atriz, Âmbar (Adriana Calcanhotto), Gema (Caetano Veloso) e Lama (Ailce Chaves / Paulo Marques). Camila é linda, simpática e tem uma bela voz, mas, definitivamente, não é cantora.

O pernambucano Lenine reverenciou o lado nordestino da irmã de Caetano Veloso com dois clássicos: Lamento sertanejo (Gilberto Gil e Dominguinhos) e O último pau de arara (Venâncio, Corumba e J. Guimarães).

CARCARÁ
 
Mas o auge do espetáculo ficou reservado para o final, quando a grande homenageada surgiu cantando Carcará (João do Vale).
“O coração está na mão”, disse Bethânia, emocionada, antes de interpretar Fera ferida (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), O quereres (Caetano Veloso), Explode coração (Gonzaguinha) e Vento de lá/ Imbelezô (Roque Ferreira)

Fechando a noite – com o público de pé –, todos cantaram O que é o que é? (Gonzaguinha) e, novamente, Sonho meu (Ivone Lara). A festa, que já passou por Porto Alegre, segue para Brasília e Recife. Bethânia merece!
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