Na contramão de todos eles, a atriz Camila Pitanga cogitou se dedicar à música em vez da dramaturgia. “Se não fosse atriz, sempre achei que meu caminho estaria voltado para a educação infantil. Tenho uma comunicação inata com crianças.
Essas personalidades têm a arte no sangue e na alma e titubearam bastante quando questionadas se optariam por outro ofício. “Demorei horas pra responder, porque me senti perdida... Mas acho que tentaria seguir o caminho da literatura, tentar escrever, estudar e lecionar”, afirmou Zélia. Junto com os demais artistas, ela se apresenta amanhã no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte, celebrando os 50 anos de carreira de Bethânia. O show faz parte da turnê do 26º Prêmio da Música Brasileira e conta com promoção cultural do Estado de Minas. João Bosco filosofou sobre a suposição de uma carreira longe da música: “O que poderia ter sido e o que foi desaguam no mesmo ponto, aqui e agora. É impossível falar do que seria, quando você é”.
O show já passou por Porto Alegre e, depois de BH, segue para Brasília e Recife. Os convidados celebram a trajetória musical da filha de dona Canô, interpretando canções eternizadas pela baiana. A escolha dos participantes tem relação com o percurso artístico de Bethânia. Sua ligação com o samba e os temas ligados à religiosidade se refletem na figura de Arlindo Cruz, que recentemente compôs um samba dedicado a Maria Bethânia.
O sambista carioca dará voz aos clássicos Reconvexo, de Caetano Veloso, Apesar de você, de Chico Buarque, e Sonho meu, de Dona Ivone Lara, grande homenageada do Prêmio da Música Brasileira de 2010. Por questões de agenda, Lenine e Chico César vão se revezar na turnê.
Gravados por Bethânia nos últimos anos, ambos representam a ligação da cantora com as raízes nordestinas e interioranas. Não à toa, Lenine e Chico César vão cantar Lamento sertanejo (Gilberto Gil e Dominguinhos) e Último pau de arara (Venâncio, Corumba e J. Guimarães), além de letras deles, como é o caso de Nem o Sol, nem a lua, nem eu, de Lenine, registrada por Bethânia em Maricotinha (2001), e Estado de poesia, de Chico César, que fez parte do show Carta de amor (2012).
Homenageado do Prêmio na edição de 2012, João Bosco fará, com seu violão, releituras de outros clássicos do repertório de Bethânia, como Morena do mar, de Dorival Caymmi.
A dramaticidade da diva, conhecida como a mais teatral das cantoras, estará presente nos números de Zélia Duncan e, curiosamente, Camila Pitanga, que vai se apresentar cantando para o grande público pela primeira vez. Zélia interpretará Vida e Rosa dos ventos, ambas de Chico Buarque, e Camila, que chegou a fazer algumas participações como cantora em projetos especiais, soltará a voz em Âmbar, de Adriana Calcanhotto, e Gema, de Caetano Veloso, além de ler um texto de Fauzi Arap, um dos diretores teatrais que mais trabalhou com a artista baiana. “Estou me entregando de corpo e alma a esse projeto. É uma sorte participar do show em homenagem a Bethânia”, comemora a atriz.
26º PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA
Homenagem a Maria Bethânia, com a participação da cantora e de Arlindo Cruz, João Bosco, Lenine, Zélia Duncan e Camila Pitanga. Amanhã, às 20h, no Chevrolet Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro). Ingressos: de R$ 150 a R$ 250. Vendas: www.premier.ticketsforfun.com.br Informações: (31) 3209-8989.