Responsável por roteiros, pesquisas e entrevistas de um DVD e duas séries de TV sobre a vida e a obra do músico, Pinheiro teve um ano extra para buscar fontes e fazer dezenas de entrevistas para construir um retrato que soa familiar, amistoso, às vezes até excessivamente respeitoso, mas que oferece um perfil eficiente do artista. Do iniciante que acompanhava os veteranos nos CTGs (centros de tradição gaúcha) ao instrumentista de ampla agenda internacional.
Responsável por reativar a fabricação da gaita-ponto no Rio Grande do Sul por meio do projeto educativo Fábrica de Gaiteiros, Renato Borghetti teve trajetória atípica desde o primeiro álbum. Lançado em 1984, ele foi pioneiro no gênero ao vender 100 mil cópias e receber disco de ouro.
Borghettinho tocou no Free Jazz em 1988 e em 1997, apesar de dizer, no melhor sotaque gaúcho, que “grosso não faz jazz”. Participou do show do Engenheiros do Hawaii no Rock in Rio, subiu ao palco com Leon Russell e Edgar Winter, gravou disco ao vivo no Porgy & Bess de Viena. Também dividiu palcos e estúdios com Hermeto Pascoal, Sivuca, Dominguinhos e colegas de instrumento mundo afora.
Borghettinho deu aos jovens gaúchos um modelo a seguir – a ponto de o irmão e empresário Marcos Borghetti cravar, sem vacilo: “Ele é o Rio Grande em duas pernas”.
Classificado por Juarez Fonseca, autor do prefácio, como “uma pessoa descomplicada”, que não faz anúncio de bebida nem de cigarro e não provoca polêmicas, Renato Borghetti é um típico gaúcho contemporâneo, profundo respeitador da tradição e, ao mesmo tempo, capaz de dialogar com outros sotaques, linguagens e geografias. Essa é a imagem que Márcio Pinheiro transmite num trabalho jornalístico eficaz, feito por quem conhece histórias, manias e táticas de seu personagem.
ESSE TAL DE BORGHETTINHO
• De Márcio Pinheiro
• Editora Belas Letras
• 240 páginas, R$ 44,90