Helio Flanders, vocalista do Vanguart, lança seu primeiro álbum solo

'Uma temporada fora de mim' é o novo trabalho de Helio Flanders, vocalista de uma das bandas mais celebradas dos últimos anos

por Mariana Peixoto 24/09/2015 08:00
Daryan Dornelles/Divulgação
Cantor e compositor Helio Flanders, da banda Vanguart, que esta lancando seu primeiro album solo, 'Uma temporada fora de mim' (foto: Daryan Dornelles/Divulgação )
'Uma temporada fora de mim' é o primeiro álbum de Helio Flanders. Vocalista do Vanguart, uma das mais celebradas bandas da geração 2000, o cuiabano de 30 anos, radicado em São Paulo, precisou de tempo, maturidade e boa dose de solidão para gestar um disco incomum no cenário da música pop atual.


É um tanto anacrônico, por vezes afetado, esse disquinho de nove canções e (infelizmente) pouco mais de 30 minutos. Para o público acostumado com o folk rock de melodias assobiáveis e refrões inspirados, causa um estranhamento e tanto a sonoridade minimalista, baseada em piano e cordas. A interpretação de Flanders é sempre lírica, doída, pessoal.
 
 
Helio é capaz de cantar no feminino em Major Luciana, dedicada à moradora de rua Luciana Avelino da Silva. É ainda possível ouvi-lo dividir os vocais com uma de suas inspirações para o trabalho, a cantora Cida Moreira. Flanders ainda dá tom absolutamente diverso a Romeo, parceria dele com Thiago Pethit. Na versão de Pethit, lançada no ano passado, é um rock rasgado. Na de Flanders, a canção é lenta, quase feminina, acompanhando as notas do violoncelo e do piano.

“O Vanguart viveu um ano de processo coletivo, mas sempre tive ideia de lançar um álbum solo. Para mim, toda música poderia ser feita de piano, voz e cordas”, conta ele, que começou a gestar o disco sozinho, em casa. “A partir de 2009, comecei a reencontrar o Helio cantautor. Sou apaixonado por Cauby Peixoto (que cogitou convidar para gravar o disco), Sinatra, Cida Moreira. Houve um momento em que me isolei muito, ficava em casa tocando violão. Uma amiga falou que era solitude, mas vi que não, era uma solidão dos infernos, e comecei a escrever sobre isso.”

Cida Moreira, além da participação em Dentro do tempo que eu sou, é muito mais presente no trabalho, conforme Flanders comenta. “Quando era adolescente, o artista plástico Adir Sodré me falou: ‘Ouve esta cantora’. Era Surubaya Johnny, do Brecht, cantada por ela. Minha vida parou ali. Percebi naquele momento que a Cida, sem saber, tinha me liberado para ser o que quisesse.”

TANGO

Para conseguir chegar onde queria, Flanders foi longe. Depois de um show com o gaúcho Arthur de Faria em Buenos Aires, ele conheceu alguns músicos argentinos. Resolveu importar dois para o trabalho, coproduzido por Faria. “Não existe nada mais trágico do que o tango”, diz ele, que convidou o contrabaixista Ignacio Varchausky e o bandoneonista Martín Sued. Completam a formação os brasileiros Bruno Serroni (celo) e Leo Matos (bateria).

Hoje, eles se encontram em São Paulo para o show de lançamento do álbum. Há outro marcado para novembro, no Rio. Por ora, é só. “Acredito que esse trabalho solo é bem pontual, corre por fora, é inevitavelmente anticomercial. O Vanguart é minha prioridade, tanto que, quando penso no próximo disco da banda, tenho borboletas no estômago. Mas acho que meu disco vai chegar a quem precisa”, conclui Flanders.

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