Entre algumas respostas herméticas e outras nem tanto, ele se desculpa. “Se eu estiver sendo muito mala, você me avisa, que eu tento voar menos, no sentido criativo”. Flanders admite ainda estar “perdido quando vai falar desse disco”. A entrevista é uma das primeiras a revirar as memórias daqueles dias sem companhia. “Sempre descubro novidades sobre ele. Tenho novas percepções. E isso vem a conspirar com a ideia de ser algo atemporal, entende? De ser a minha história, mas que também pode ser a história de qualquer homem.”
Por isso, explica Flanders, a sugestão pela sessão fotográfica ser realizada em um ambiente bucólico, entre árvores. “Acho que a ideia era buscar essa desolação. Sabe, a ideia de olhar uma paisagem bonita e dizer: ‘Que desolação’”, conta. Beleza e dor misturam-se nos versos de Flanders, que nunca pareceram tão pessoais, embora ele busque distanciar-se do eu lírico. “É sobre um primo de um amigo”, brinca, sobre as situações que originaram algumas das músicas de 'Uma Temporada Fora de Mim'.
Dois músicos argentinos, Ignário Varchausky e Martin Sued, são os responsáveis por contrabaixo e bandoneon, respectivamente, e à sonoridade distinta do álbum solo de Flanders. “Fui reunindo pessoas e inspirações que tive ao longo dos anos. Desde Cida Moreira (que participa de uma faixa) aos músicos argentinos”, disse. “É como o segundo homem a pisar na Lua (o norte-americano Buzz Aldrin) falou isso ao chegar lá: ‘Desolação magnífica’. O disco segue essa ideia, de alguma forma.”