Musica

Capital mineira recebe primeira edição de festival de música de câmara

Entre os dias 25 e 28 de junho o festival apresenta instrumentistas nacionais e estrangeiros

Ana Clara Brant

Em 2011, após passar uma longa temporada morando nos Estados Unidos, a pianista mineira Simone Leitão voltou ao Brasil e ouviu um comentário que a deixou com uma ideia fixa. “Simone, você já reparou que aqui não temos nenhum festival de música de câmara?” A partir desse comentário, ela decidiu criar a Semana Internacional de Música de Câmara do Rio de Janeiro (Rio Music Week), o único festival de sua categoria no país e que está indo já para a sua 4ª edição.

Neste 2015, o evento se expande até Belo Horizonte e traz, a partir da próxima quinta, renomados representantes nacionais e internacionais do gênero para uma série de concertos na Fundação de Educação Artística. Um dos destaques da programação é o quarteto de cordas Ariel (Estados Unidos/Israel), formado pelos músicos Alexandra (Sasha) Kazovsky (violino), Gershon Gerchikov (violino), Jan Grüning (viola) e Amit Even-Tov (violoncelo). “É um quarteto jovem, mas seus integrantes têm uma carreira consolidada e são professores renomados nos Estados Unidos. Cada vez mais esses quatro artistas têm despontado no mundo. É bom destacar que o quarteto de cordas é a formação da música de câmara mais clássica, mais difícil e a mais desafiadora”, afirma Simone, diretora artística da iniciativa.

Uma prévia da semana belo-horizontina foi realizada na sexta e no sábado, em Caratinga, cidade natal de Simone Leitão. O Rio Music Week procura sempre realizar concertos para comunidades carentes, para atrair novos públicos e criar mais espaços para a música erudita. “Dentro desse conceito de entretenimento social, decidimos expandir também para o interior, no ano da primeira edição em BH. Acabamos escolhendo Caratinga por eu ser de lá. Apresento-me no mundo inteiro, mas faço questão de manter esse laço. É uma sensação de devolver algo à minha terra.”

 AMADURECIMENTO Na avaliação de Simone, a capital mineira “tem uma essência de música clássica, abriga muitos talentos. Após a criação da Orquestra Filarmônica e da inauguração da Sala Minas Gerais, acho que atingimos um amadurecimento e estamos preparados para o evento aí”. Além do Quarteto Ariel, estão na programação solistas da Filarmônica e outros músicos renomados, como os pianistas Celina Szrvinsky e Miguel Rosselini, a flautista Geisa Felipe e o violonista Luis Leite, além da própria Simone Leitão.

O repertório da Semana vai de obras populares com peças de Pixinguinha e Egberto Gismonti, passando pelos românticos Mendelssohn e Schumann, até os mestres da música do século 20, como Stravinsky e Schoenberg. Simone Leitão ressalta que o objetivo da Semana, quando ela foi criada, era divulgar a música de câmara em suas várias formações com a apresentação de diversas atividades musicais e promovendo o encontro de solistas renomados do Brasil e do mundo. “A música de câmara é mais intimista do que a orquestral. Você ouve o instrumento mais separadamente, e ela é a base da música erudita. Sem falar que é um gênero fundamental para os artistas e para o próprio público.”


ORIGEM DO GÊNERO

Música de câmara é a música erudita composta para um pequeno grupo de instrumentos ou vozes que tradicionalmente podiam se acomodar nas câmaras de um palácio. Atualmente, a expressão é usada para qualquer música executada por um pequeno número de músicos. A palavra câmara indica que a música pode ser executada em salas pequenas, geralmente com uma atmosfera mais íntima. Nesta categoria não está necessariamente incluída a música para instrumento solo. Entretanto, é comum haver obras para piano solo, dependendo da ambientação. As composições são destinadas a no máximo 10 instrumentos e vozes. Entre as formações mais importantes estão o quarteto de cordas, o quinteto de sopros e o trio com piano. Mas há diversas outras combinações de instrumentos. Pode haver também a execução em “solo”, “trio” ou “duo”. Nesses casos, geralmente prescinde-se da regência por um maestro.
 
1ª Semana Internacional de Música de Câmara de Belo Horizonte.
Dias 25 e 26 de junho, às 20h, e  27 e 28 de junho, às 11h, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários. (31) 3224-1744). Ingressos: R$ 10. Informações: www.riomusicweek.com 
 
Programação completa

25/6 (quinta) - Fundação de Educação Artística - 20h

Quarteto Ariel (EUA/ Israel)

Simone Leitão (piano)

Daniel Guedes (viola)

Márcio Mallard (violoncelo)


Verklärte Nacht (Noite Transfigurada) op. 4 para sexteto de cordas (1899) - A. Schoenberg

Quinteto com piano em Mi bemol maior op. 44 - R. Schumann

Allegro Brillante

In modo d’una marcia. Un poco largamente

Scherzo molto vivace

Allegro ma non troppo



26/6 (sexta) - Fundação de Educação Artística - 20h

Quarteto Ariel (EUA/ Israel) - cordas

Simone Leitão (piano)

Daniel Guedes (viola)

Márcio Mallard (violoncelo)
 
 
Quarteto no. 11 – Molto Adagio - Samuel Barber

Três peças para quarteto de cordas (1914) - I. Stravinsky

Sonata no. 1para violino e piano Desespérance - H. Villa-Lobos

Piano trio no. 1 op. 49 em ré - F. Mendelssohn

Molto Allegro agitato

Andante con molto tranquillo

Scherzo. Leggiero e vivace

Finale. Allegro assai appassionato


27/6 (sábado) - Fundação de Educação Artística - 11h

Celina Szrvinsky - Piano

João Carlos Ferreira - Viola

Iura de Rezende - Clarineta

Miguel Rosselini - Piano

Alma Liebrecht - Trompa

Kegelstatt Trio para clarineta, viola e piano K498 - W. A. Mozart

Andante

Menuetto

Allegretto

Trio em Mi Bemol maior op. 40 para piano, trompa e violin - J. Brahms

Andante

Scherzo Allegro

Adagio mesto

Finale, allegro con brio



28/6 (domingo) - Fundação de Educação Artística - 11h

Quarteto Ariel (EUA/Israel ) - cordas

Geisa Felipe - flauta

Luís Leite - violão

Sonata BWV 1035 - J. S. Bach

Prelúdio das Bachianas no. 4 - H. Villa-Lobos

Amparo - Tom Jobim

Lôro - Egberto Gismonti

Pagão – Pixinguinha

Quarteto para cordas no. 8 em mi menor op. 59 no. 2 “Razumovsky” - L. V.

Beethoven

Allegro

Molto Adagio. Si tratta questo pezzo con molto di sentimentto

Allegretto maggiore

Finale, presto