Musica

Todos os Caetanos do Mundo prepara o lançamento do CD 'Pega a melodia e engole'

Produzido por Chico Neves, disco tem repertório autoral que se inspirou no Facebook, blogs e na poesia dos amores

Carolina Braga

Luiz Rocha, Adriano Goyatá, Julia Branco e Thiago Braga querem ir além da cena mineira
Foi a primeira pergunta que Chico Neves fez. Com quase cinco anos de carreira, a banda Todos os Caetanos do Mundo o procurou para gravar o primeiro álbum. Por que e pra que investir em um CD no atual cenário fonográfico? – essas eram as dúvidas do produtor veterano.


Por algum tempo, Adriano Goyatá, Luiz Rocha, Julia Branco e Thiago Braga não conseguiam ir além do básico. Afirmavam ter vontade de registrar canções já usuais no repertório de seus shows. Reforçavam o lugar-comum: chega uma hora em que toda banda deseja gravar um disco. Era a vez deles. Mas Chico – que produziu álbuns importantes de Lenine, Paralamas do Sucesso, Jorge Mautner e Los Hermanos, entre outros – queria mais.


“Chico foi nos tirando das respostas mais imediatas. Passamos a entender as coisas durante o processo”, conta Julia Branco. Virou uma brincadeira séria, que durou pelo menos dois anos de idas e vindas ao estúdio que o produtor mantém dentro de casa, em Nova Lima.

Por mais que o produto, bem-acabado e elogiado por figuras do naipe de André Midani, um dos executivos mais experientes do mercado fonográfico, chegue à praça em clima de festa, o “valor” desse processo ainda merece ser calculado.

Arnaldo Antunes é o convidado especial da faixa-título 'Pega a melodia e engole'
Todos os Caetanos do Mundo amadureceu. “Somos uma banda de palco, queremos tocar. Mas no processo de gravação você começa a descobrir o que está por baixo daquela camada mais subterrânea. Começa a ver os rios que passam por ali”, define o guitarrista e compositor Luiz Rocha.

'Pega a melodia e engole', o álbum de estreia, vai chegar a todas as plataformas. O CD estará nas lojas até o fim do mês. A versão digital já está disponível para streaming e download gratuito no site www.todososcaetanosdomundo.com.br. O show de lançamento tem data: dia 25 deste mês, no Teatro Bradesco, em Belo Horizonte.

LUXO De um universo de 50 canções, os músicos pinçaram 10 para gravar. Todas são assinadas por Luiz Rocha em parcerias com Julia Branco, Natália Gomes, Thiago Braga e Luna Castell. A participação especial é um luxo: Arnaldo Antunes divide os vocais com Julia na faixa que dá nome ao disco. Eis aí uma canção à qual não falta personalidade.

Nenhuma das músicas se enquadra em gêneros. Pode ser de mulher para homem, de mulher para mulher ou de homem para homem. Isso não importa. As letras falam de distâncias, desencontros, amores e desamores. “Tem uma poética do cotidiano”, define Julia Branco. “As letras são muito diretas: simples, sem serem pobres. Queríamos fazer um disco de música brasileira pop, pensando que o pop é uma coisa enorme”, explica Luiz Rocha, fundador da banda e ator convidado do Grupo Galpão.

Para ele, a composição nasce em momentos corriqueiros. Sim, por exemplo, surgiu de uma conversa no Facebook. 'Pega a melodia e engole' fazia parte do post em um blog assinado por Julia Branco. Là-bas, a única em outro idioma, chegou para Luiz em forma de poesia, manuscrita em um caderninho que ganhou de presente.

Todos os Caetanos do Mundo surgiu em 2009 como um projeto de Julia Branco e Luiz Rocha. O baterista Adriano Goyatá e o baixista Thiago Braga entraram para a banda há cerca de três anos. A ideia sempre foi reverenciar Caetano Veloso, mas, definitivamente, o projeto não se limita a isso. “São coisas que tinham a ver com ele, que o influenciaram e também eram influenciadas por ele. Isso dava pra gente um leque muito grande de possibilidades”, comenta a cantora.

Nesse extenso mundo dos influenciados por Caetano Veloso entram canções de Arnaldo Antunes, Rita Lee, Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Adriana Calcanhoto, entre outros. Mas Adriano Goyatá, Luiz Rocha, Julia Branco e Thiago Braga nunca quiseram focar seu trabalho no cover. O show tinha, sim, releituras, mas sempre acompanhadas de uma crescente produção autoral.

O momento é de afirmar a veia autoral. O próprio Caetano Veloso sabe disso – e já recebeu o novo álbum do grupo de BH. A expectativa, agora, é ampliar o alcance do trabalho, com ou sem o aval do mestre. “Somos daqui, está na gente, mas esse disco não tem uma coisa que posso dizer que seja da cena mineira. Buscamos uma coisa mais ampla”, conclui Julia Branco.



Queríamos fazer um disco de música brasileira pop, pensando que o pop é uma coisa enorme
-  Luiz Rocha, compositor

Chico foi nos tirando das respostas mais imediatas. Passamos a entender as coisas durante o processo - Julia Branco, cantora