O som, continua Badauí, mudou de disco para disco, mas sem perder a identidade. Trata-se de fidelidade ao hardcore melódico vindo com o pós-punk, “que sempre ouvimos e continuamos ouvindo”, influenciado por bandas como o Bad Religion e Face to Face. Música com peso, veloz e com interesse pela reintrodução da melodia no rock. Gênero, recorda, que por soar agressivo a ouvidos pop, valeu alguma dificuldade de divulgação. “Por isso tivemos de achar uma forma de entrar na mídia sem perder a postura”, diz, avisando que viver de rock, no Brasil, é uma luta diária.
“Pra chegar aonde estamos, tivemos de aproveitar todas as ocasiões que podiam render divulgação, mas sem perder a nossa identidade”, conta Badauí. “Demos entrevista para revista de que não gostávamos, fizemos programas de TV que não tinham nada a ver com a gente, fizemos shows com artistas populares, mas mostrando o que fazíamos. Foi trabalhoso abrir a cabeça para entender como o Brasil é”, observa. Da formação inicial, de 1995, só restou Fernando Badauí. Mas do grupo que engatou a carreira profissional lá estão Japinha (bateria) e Luciano (guitarra). A banda conta ainda com Heitor (baixo) e Phil (guitarra, ex Dead Fish).
CPM 22
Abertura: Cash. Sábado, às 22h. Espaço Even, Rua Vereador Antônio Zandona, 245, Gameleira. Informações: (31) 3209-0505. Pista: R$ 100 e R$ 50.
Duas perguntas para...
BADAUÍ, músico
Que conselho daria para quem está formando ou quer formar banda de rock?
Escolher os caminhos em que acredita e ir tirando as pedras do caminho. Não participamos de campeonato de bandas porque não gostamos, e nem ficamos esperando gravadora. Bancamos, nós mesmos, o primeiro disco. Com relação à internet, é bom tomar cuidado para não banalizar a música que se faz. Não tem fórmula. Tudo depende de trabalho e sorte.
O Brasil já tem uma história com o rock?
Titãs, Paralamas, Cólera, Ratos de Porão, Raul Seixas, Rita Lee, Mutantes e Camisa de Vênus, entre outros, construíram uma história bonita, de luta, de grupos e músicas eternas. Alguns, além de artistas, foram grandes seres humanos, fizeram rock nos tempos que a divulgação era zero, batendo de frente com a ditadura militar, enfrentando a censura e tudo mais.