Compilação de crônicas e artigos escritos por Zeca Baleiro de 2008 a 2013, 'A rede idiota…' é dividido quatro partes, que reúnem crônicas, reflexões sobre música, conversas francas sobre temas aleatórios e textos encomendados por jornais brasileiros. Ele garante — o título do livro nada tem a ver com a relação que mantém com a internet e as mídias digitais.
“Acho que a internet é um bem inevitável. Mas, como todo grande veículo de comunicação, é mal usado — vide tevê e rádio hoje. Uso muito para trabalho e tem sido uma baita ferramenta para a divulgação dos meus projetos”, assegura. “Mas a vida pessoal tem que ser pessoal, cara a cara, e amigos, na mesa de bar”, acrescenta.
O disco infantil, por sua vez, 'Zoró Vol. 1', é a concretização de uma vontade antiga, adiada por alguns anos. O divertido álbum tem 28 faixas e, numa delas, Baleiro conta com o backing vocal dos filhos, Manu e Vitória. Além disso, em todo o projeto, ele ganha o reforço de convidados ilustres: Tom Zé, Fernanda Abreu, Walter Franco e o filho Diogo Franco, Blubell, Tetê Espíndola, Wado e o violeiro mineiro Chico Lobo, entre outros. “O disco será sucedido por um DVD com 11 animações — até o Natal, imagino que saia”, adianta.
Entrevista /Zeca Baleiro
Muita gente acredita que a crônica pode ser futuro da literatura, por permitir uma leitura mais solta, desprendida e veloz. Há também quem defenda que a salvação da literatura é a internet. Você concorda?
Acho que, na nossa época digital e dispersiva, os textos curtos saem na frente: crônicas, contos, ensaios. Mas a salvação da literatura é a educação, e nesse processo a internet pode ser muito importante. Acha bacana o recurso do e-book, mas, na minha opinião, nada substitui o livro.
Seus textos revelam, simultaneamente, sensibilidade e conhecimento do meio em que trabalha. Algum autor, em especial, o ajudou a criar este estilo? Quais seus autores favoritos?
Li muitos livros de crônicas entre a infância e a adolescência, foi minha iniciação — havia uma coleção da Editora Ática chamada Para gostar de ler, com textos de Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino. Meus pais compravam para eu e meus irmãos lermos. Depois, fui descobrindo as coisas por conta própria e por influência dos amigos mais velhos. Albert Camus, que me fez um estrago danado, Ítalo Calvino, romancistas brasileiros, mais poesia beatnik, geração mimeógrafo…