“Como ator uso a máscara, como cantor a audácia. Daí um ajuda o outro na performática ação das palavras e sons”, explica Gero. “O importante é que a poética sobreviva ao mercantilismo da arte e nos surpreenda com resistência. Não gosto da ideia de passar por este mundo sendo ou fazendo uma única coisa para o resto da vida”, afirma ele.
No teatro, Gero brilhou em peças como 'Aldeotas' e 'A casa amarela'; no cinema, atuou em 'Cidade de Deus', 'Carandiru', 'Assalto ao Banco Central' e 'Madame Satã'; como músico, homenageou Chico Anysio e Arnaud Rodrigues com a releitura de Baianos e Os Novos Caetanos. “Sinto-me recomeçando a carreira mais uma vez. De fato, poderia me acomodar enquanto ator e por aí ficar.
A sonoridade de Gero é “pro mundo”, como ele gosta de dizer. Cearense, o ator cresceu ouvindo os conterrâneos Belchior, Fagner, Ednardo e Rodger Rogério. O DNA musical é nordestino, mas isso não significa prisão. “Não me acomodo a gênero nenhum, nem à tal MPB. Ao ouvir o CD percebe-se logo a minha liberdade de caminhos. Vou do rock ao samba e ao forró”, resume.
Os manguebeats Otto, Toca Ogan e Bactéria são companheiros de jornada, assim como Criolo, autor de Chuchuzeiro, uma das faixas de 'Megatamainho'. Não se trata de rap, mas de um xote “político sensual”. Gero explica: “É um encontro do Criolo com nossas origens, pois nossos pais são cearenses”.
'MEGATAMAINHO'
Show de Gero Camilo. Teatro Bradesco, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Sábado, às 21h. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada).