Miltinho deixa legado de grandes clássicos do samba

Com suas criativas divisões ritmcas, cantor foi considerado um mestre. 'Mulher de 30', 'Palhaçada' e 'Mulata assanhada' estão entre os hits dele, que compôs 'Angélica' com Chico Buarque

por Estado de Minas 09/09/2014 09:08

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Douglas Alexandre/O Cruzeiro - 6/12/65
Miltinho se destacou na transição entre a bossa nova e a MPB (foto: Douglas Alexandre/O Cruzeiro - 6/12/65)
O Brasil perdeu o Rei do Ritmo. Famoso pela maneira como interpretava o samba – com divisões e suingue peculiares –, o cantor Miltinho morreu aos 86 anos, devido a problemas pulmonares, na capital fluminense. O corpo foi cremado ontem no Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro.

Entre os sucessos do carioca Milton Santos de Almeida estão 'Mulher de 30' (Luis Antônio) e a marchinha 'Nós, os carecas' (Arlindo Marques Júnior/Roberto Roberti). Nos anos 1960 e 1970, o cantor participou de vários programas de TV e foi astro do carnaval. Modesto, avisava: “Não sou astro de coisa nenhuma. Sou apenas um mero cantor de samba”. Como intérprete, ele lançou os compositores João Nogueira e Luiz Ayrão.

Também compositor de marchinhas e sambas-canções, Miltinho era um dos nomes de destaque na transição entre a bossa nova e a MPB. Foi parceiro de Chico Buarque, João Bosco e Luiz Melodia. No ano passado, a gravadora Discobertas lançou uma coletânea em comemoração a seus 60 anos de carreira. A caixa contém 12 CDs, um para cada dos 12 LPs que Miltinho gravou de 1960 a 1965. Entre eles estão 'Um novo astro' (1960), 'O diploma do astro' (1960), 'Poema do adeus' (1961), 'Miltinho é samba' (1961) e 'Poema do olhar' (1961).

Zuzu Angel Com Chico Buarque ele compôs 'Angélica' (1977), em homenagem à estilista Zuzu Angel, que denunciou a tortura durante a ditadura civil-militar. Zuzu fez corajosa campanha para encontrar o corpo do filho, Stuart, militante do MR-8 assassinado pelas forças da repressão.

Há seis anos, o documentário 'No tempo de Miltinho', de André Weller, levou o troféu de melhor curta-metragem no festival É Tudo Verdade.

O cantor fez muito sucesso com a marchinha 'Mulata assanhada' (Ataulfo Alves). Outros hits em sua voz foram 'Palhaçada' (Luiz Reis/Haroldo Barbosa), 'O conde' (Jair Amorim/Evaldo Gouveia), 'Laranja madura' (Ataulfo Alves), 'Volta e Menina moça', ambas de Luís Antônio.

Em 1998, lançou o CD 'Miltinho' convida com participações de João Nogueira, João Bosco, Luiz Melodia e Chico Buarque, entre outros. O Rei do Ritmo gravou também com Zeca Pagodinho, Elza Soares, Martinho da Vila, Ed Motta, Mariana Baltar, entre outros.

Sandra Vergara, filha do artista, contou que o pai deixou de fazer shows há quatro anos, desde que foi diagnosticado com mal de Alzheimer.

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