O músico Matheus Brant, um dos criadores do Me Beija, conta que a ideia surgiu quando o grupo de samba do qual fazia parte, o Chapéu Panamá, acabou. “Foi uma loucura no carnaval. Com certeza, vamos manter o bloco em 2015. Temos a intenção de fazer um show tipo Baile do síndico, chamado Pagode do Me Beija, e trazer algum pagodeiro dos anos 1990 para se apresentar em BH”, avisa.
O cantor, compositor e violonista acredita que, assim como ocorreu com o brega e o axé, agora é a vez da volta do pagode. “Muita gente vê esse estilo como algo menor, pejorativo. A gente gosta mesmo das músicas, reconhece que elas têm suas qualidades. O tempo passa, mas a memória afetiva fica”, afirma.
Salgadinho, ex-vocalista do Katinguelê, observa um fenômeno interessante no universo do pagode: se antes esse repertório fazia muito sucesso entre as classes C e D, agora ele é aceito pelo público A e B. Pagodeiros até viraram cults, aponta o cantor. “Quem antes torcia o nariz para o nosso trabalho, agora escuta e sabe cantar, porque aquilo marcou sua infância e adolescência. Nossas músicas têm estrutura melódica, poética e de arranjos. Aprendemos a fazer samba com artistas de talento”, enfatiza.
O negão voltou
Outro grupo pagodeiro que retoma a carreira depois de 16 anos é o Cravo e Canela. O conjunto surgiu em São Paulo e fez sucesso na década de 1990 com o hit 'Lá vem o negão'. O quarteto não chegou a acabar oficialmente, apesar de cada músico ter outra profissão – um é taxista, outro trabalha com caminhões, o terceiro é funcionário de hospital e o quarto cuida de gramados em estádios de futebol. Desde o mês passado, Nenê do Timba, Juninho, Chiquinho e Maurício voltaram aos palcos.