Produzido pelo próprio artista, em parceria com Beto Gibbs, Klaus Sena e João Leitão, o álbum de 11 faixas tem uma pegada menos efusiva do que a da maioria dos seus contemporâneos, servindo tanto para a audição caseira, observando detalhes da boa trama instrumental, quanto para dançar e animar a festa. Parte da eficiência instrumental vem do uso de um grupo eclético de 26 músicos.
Além de seu grupo, A Unidade, com João Leão (teclados), Klaus Sena (baixo), Beto Gibbs (bateria), Túlio Tobias (percussão) e Ighor Caracas (percussão), Saulo conta com queridinhos da crítica, como Curumim, Daniel Groove e Felipe Cordeiro, e com um eficiente naipe de metais dos cubanos Jorge Ceruto e Luiz la Hoz, e steel drums de David Hubbard, da Guiana. E as participações das vozes de Vera Souza (em Yo tengo) e de Luê no clássico paraense Tô que tô... saudade, completada com a inclusão do reggae Me dei conta.
Contando com uma das mais belas capas do ano, com um desenho inspirado do artista plástico Tarik Klein, Quente tem a desejável dose de exotismo amazônico (No coração da mata, Flores pelo ar, Lambada do anel) e uma rara reverência à geração clássica da MPB da região Norte, com a releitura de Tô que tô... saudade, tema de outros festivais criados pelo cearense Eudes Fraga e transformado em hit por Nilson Chaves, líder de uma geração nortista que costuma ser esquecida pelos mais jovens.