O cantador mineiro João Araújo tem uma causa à qual se dedica com carinho há uma década: mostrar que a viola vai muito além da produção sertaneja e atravessa toda a música brasileira. Desde os tempos do descobrimento aos dias de hoje, como ele gosta de dizer. E em todos os gêneros: do pop-rock à música de concerto, passando pelo samba. Com um show que tem como convidado Rolando Boldrin, nesta quinta-feira, às 20h, no Sesc Palladium, ele apresenta seus argumentos, já defendidos em dois CDs e um DVD.
Está no repertório do espetáculo 'Trenzinho caipira', de Villa-Lobos, que, observa o instrumentista, se encaixa bem na viola. Cutelinho, música brasileira com origem no Pantanal matro-grossense, é reverência à dupla Pena Branca e Xavantinho, artistas que, explica João Araújo, foram os primeiros a gravar Milton Nascimento, Chico Buarque, extrapolando repertório convencional do instrumento. Acrescente-se a seresta 'Casinha branca', de Elpídio dos Santos. Araújo toca duas músicas dele: 'Menino da cidade' e 'Saudação de caipira'. Serão vendidos durante os shows, a R$ 20, os dois discos do mineiro dedicado à pesquisa dele.
“A viola é uma guerreira vitoriosa.
João Araújo nasceu em Contagem (MG), é músico, produtor e gestor cultural. Tem, há cerca de cinco anos, o selo Viola Urbana, criado para amparar suas atividades, mas que, desde então, já lançou discos de amigos, somando hoje em catálogo nove CDs, dois DVDs e um livro (todo o material será vendido durante o show).
Mestre A comemoração do Viola Urbana tem convidado ilustre: o cantor, escritor e apresentador Rolando Boldrin, de 78 anos, 56 deles dedicados, como ele gosta de dizer, a passar para as pessoas o amor pelo Brasil. “Sou um ator que canta a sua terra. Tudo que é Brasil me inspira”, afirma. “O ser humano, a vida, a poesia, a prosa, os causos”, garante. Para quem quiser conhecer a obra dele, recomenda procurar os discos, disponíveis no site www.rolandoboldrin.com.br. “São mais de 200 gravações, painel que me representa bem.
Boldrin atribui ao amor pelo Brasil à boa atuação representando tipos brasileiros, que valeram a ele dois prêmios, como melhor ator, em filmes de João Batista de Andrade ('Doramundo e Tronco'). Sobre a música de João Araújo, sente nos trabalhos do mineiro mais do que apenas o culto à viola. “Ele luta, com força, por um símbolo do Brasil. O que faz tem mais profundidade do que a gente imagina”, afirma. Boldrin não esnoba a televisão, que, observa, também representa o trabalho dele. “Mas tem de acompanhar, não ver só um programa”, observa, lembrando que ainda não existe uma reunião deles.
10 anos de viola urbana
João Araújo convida Rolando Boldrin. Nesta quinta-feira, às 20, Grande Teatro do Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Ingressos: plateia 1: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia); plateia 2: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia); plateia 3: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Classificação: livre..