Musica

Graveola e o Lixo Polifônico participa de filme do diretor francês Benjamin Rassat

A canção 'porque é proibido pisar na grama' foi escolhida para mostrar o trabalho da banda mineira em 'Obá obá obá'

Walter Sebastião

Grupo é destaque na cena independente belo-horizontino
A banda mineira Graveola e o Lixo Polifônico é o grupo de Belo Horizonte que está no filme Obá obá obá, do francês Benjamin Rassat. O diretor e equipe estivem quarta-feira em Belo Horizonte para fazer imagens do grupo tocando no Espaço Comum Luiz Estrela. O filme é inspirado em Saravá (1969), de Pierre Barouth, um clássico dos filmes dedicados à MPB, por ter registrado diversos artistas hoje muito importantes, ainda em início de carreira. Barouth é, inclusive, um dos padrinhos do novo projeto, que tem como fotógrafo Vincent Moon, que já realizou vários filmes documentando diversas cenas musicais.


A equipe francesa esteve em Ouro Preto e segue para Uberlândia, onde filma coreografia em homenagem ao ator Grande Otelo, do Ballet de Rua de Uberlândia. A previsão são gravações em 45 cidades, todas as sedes do campeonato mundial e outras que têm cena musical expressiva. “É um retrato de Brasil por meio da música de Jorge Benjor, a partir do encontro com artistas plásticos e arquitetos e outros profissionais”, explica Benjamin Rassat. “Jorge Benjor é o maior segredo do Brasil, o mais escondido”, garante. Ele observa ainda que o cantor e compositor faz ainda a ponte entre futebol e música.


“A melhor maneira de medir a temperatura política de um país é ouvindo os músicos, sobretudo em Belo Horizonte”, garante Rassat. Ele destaca que na capital mineira, como em Porto Alegre, existe cena artística engajada politicamente. O diretor conta que a cada filmagem fica sempre muito emocionado com o desejo dos artistas de se exprimirem. Pierre Barouth, padrinho de Obá obá obá, chega ao Brasil na última semana da Copa do Mundo “para abençoar” o filme. Sobre Saravá, que viu quando tinha 13 anos, Rassat considera o melhor filme sobre a música brasileira.

Saravá traz segredos da música brasileira, mais exatamente sobre o modo de tocar dos brasileiros, que ainda hoje são importantes de observar, como revelar que ensaios são melhores para filmar do que os concertos propriamente ditos. “Os ensaios têm leveza, um relaxamento que é muito brasileiro.” O cineasta também destaca no documentário de Barouth o cuidado em não cortar o plano-sequência. “O tempo é muito importante para os brasileiros”, garante Benjamin Rassat. No novo filme, o Graveola toca a canção Porque é proibido pisar na grama. O grupo mineiro viaja domingo para Portugal, onde inicia a quinta turnê pela Europa.