Grupos de pagode de 1990 reencontram lugar no cenário musical da atualidade

Até hoje, canções apaixonadas tocam em festas e fazem parte do playlist de muitas pessoas

por Adriana Izel Maíra de Deus Brito 02/06/2014 08:54

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Arquivo CB/D.A Press
O SPC fazia moda na década e 1990: cabelo com gel e nas rádios 'É bom demais' e 'Meu Jeito de ser' (foto: Arquivo CB/D.A Press)
A música, assim como a moda, vive em ciclos. Apesar de as calças coloridas de cós alto, o colete de couro, os cabelos cacheados moldados à base de muito gel e um bigodinho inesquecível não estarem fazendo muito sucesso hoje em dia, os fãs de pagode e até aqueles que preferem não admitir a queda pelo gênero voltaram a cantar versos como “toda vez que eu chego em casa,/a barata da vizinha está na minha cama”, imortalizados na década de 1990 ao som do grupo Só Pra Contrariar.

A volta do gênero começou no ano passado e vem ganhando força em 2014. O primeiro sinal de que o pagode dos anos 1990 retornava às paradas aconteceu há 2 anos, quando bandas de indie rock fizeram um tributo ao Raça Negra, um dos grandes nomes do estilo musical, com o álbum 'Jeito felindie'. O CD, do projeto Fita Bruta, tem regravações de 12 músicas e logo tomou as redes sociais com um clima saudosista.

O retorno de Alexandre Pires aos vocais do Só Pra Contrariar para a turnê comemorativa dos 25 anos do grupo foi um dos gatilhos para a volta daquele pagode ora romântico, ora escrachado. “Uma andorinha só não faz verão. Eu não atribuiria somente ao SPC o sucesso que a volta dos grupos de pagode dos anos 1990 têm feito. Foi um movimento muito bonito e que hoje, para a nossa alegria, está sendo abraçado novamente pelo público”, defende o mineiro.

Desde o retorno, o SPC gravou um álbum relembrando os grandes hits e celebrando canções de outros artistas da época, como Art Popular, Molejo e Raça Negra. “Foi uma forma de homenageá-los. Boa parte do público que hoje curte o SPC viveu essa época em que o samba romântico foi uma febre nas rádios”, comenta Alexandre Pires.

A inclusão de músicas de outras bandas deu tão certo que o SPC se uniu ao Raça Negra com o projeto Gigantes do Samba, que viajará pelo Brasil com shows até janeiro de 2015.



Entrevista // Os Travessos


Como surgiu a ideia de reunir o grupo de novo?
Rodriguinho — Eu estava bem com a minha carreira solo e os meninos estavam bem com a deles. Nossos produtores se encontraram e tiveram a ideia de promover essa volta em comemoração aos 20 anos do grupo.  Sempre tive uma relação boa com todos os integrantes e nós abraçamos a ideia.

Vocês se inspiram no fato de vários grupos que fizeram sucesso no anos 90 estarem voltando?
Rodrigão — O fato de vários grupos dos anos 90 voltar é muito bom para o movimento do samba e nos inspira sim, mas nossa situação é diferente, pois nunca paramos de fazer shows. Agora contamos com a volta do cantor e produtor Rodriguinho novamente, mas nunca paramos.

O que vocês pensam desse "boom" do pagode dos anos 90 que tomou conta da cena atual?

Rodriguinho — Os grupos novos se espelham nos antigos e eu acho que não teve muita inovação nos últimos anos. Se pegarmos o que apareceu de grupos novos são poucos. A raiz está na década de 90. Acho que o público sentia falta disso. A partir do momento que o Alexandre Pires decidiu voltar para o Só Pra Contrariar acho que despertou esse desejo em muitos grupos daquela época, o de relembrarem um pouco desse sucesso. Pra nós dos Travessos a grande novidade é que nos shows cantamos as músicas antigas, mas estamos lançando um álbum com dez faixas inéditas.

Na opinião de vocês, o que pode ter causado esse bom momento dos pagodeiros dos anos 90?

Edi — Acredito que a riqueza do seguimento nessa época era muito forte, arranjos, letras, produções. Os anos 90 tem obras que viraram clássicos e que muitos se inspiram nos dias de hoje. Acaba sendo inevitável algo com tanta essência não reviver ou voltar no tempo.

Vocês sairão em turnê? Que músicas do repertório antigo são certas no show?

Filipe — Já começamos com a nova turnê. Começamos no dia 17/04 no Barra Music, no Rio de Janeiro. Ficamos muito felizes com a repercussão. Foram mais de 8 mil pessoas cantando as nossas músicas. Foi emocionante do inicio ao fim.  “Sorria”, “Quando a Gente Ama”, “Adivinha” e “Maravilha te Amar” são algumas que não podem faltar.

Como foi o processo de trazer o grupo de volta, mas com um álbum de inéditas? O que vocês levarem em consideração dessa vez?
Filipe — O novo álbum será lançado em todo o Brasil no dia 03 de junho, contém dez faixas inéditas e foi produzido pelo Rodriguinho em parceria com o Prateado. Os fãs podem esperar por algo diferente do que Rodriguinho apresentou em carreira solo e que OS TRAVESSOS apresentou durante sua ausência. O grupo não deixou de lado as raízes, está com a mesma essência, porém deu uma reciclada e volta com muito mais empolgação e experiência musical.

Como vocês avaliam esses 20 anos da carreira?
Chorão — Começamos muito novos e fizemos o que achamos que devia ter feito. Até superamos as nossas expectativas. Acho que faríamos quase tudo igual, só que de uma forma mais madura. Queremos repetir os resultados positivos. Dessa vez poderemos usufruir de uma forma melhor esses resultados.  Queremos atingir o mesmo sucesso e curti-lo de uma forma melhor.

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