“Fiz todas as músicas e acho cruel reduzir o trabalho a uma música”, continua. “Preciso de muitos caminhos, de cartela farta. Minha música não se passa num lugar só.” Vanessa credita a sedução pela pluralidade de estéticas ao fato de ser natural do Mato Grosso, “no meio do Brasil”, o que permitia ouvir música de todas as regiões, seja produção de raiz até o que chegava por rádios AM e FM. Desde o primeiro disco, recorda, o repertório junta rock, samba e música romântica . “Sendo compositora, me dou liberdade de cultivar esta diversidade, que considero uma riqueza”.
Motivo de satisfação é ser um disco “cheio de músicos que não desperdiçam música”: Liminha, Lincoln Olivetti, Kassin, Marcelo Jeneci, enumera. Uma turma que atuou na produção e direção musical, fazendo arranjos que revigoraram as composições. “Uma canção, como a construção de uma casa, precisa de base sólida”, ensina, vendo o trabalho como produto de diálogo intenso dela com a equipe. No palco, ela está na companhia de Pedro Dantas (baixo), Danilo Andrade (teclados, programações e efeitos), Erandy Montenegro (guitarra), Maurício Pacheco (guitarra) e Stephan San Juan (bateria).
Vanessa da Mata se define como compositora e “cantadora de histórias”. A música é “arrematada com a voz”, diz. “Um sexto disco me deixa feliz por ter passado a pressão dos três primeiros, que são momentos de pressão”, conta. “O segundo é momento cruel, já que é visto pelo mercado de forma maliciosa e pretensiosa, como teste de vida ou morte para você”, critica. O problema do terceiro disco é o fã, que conhece o artista a partir de uma certa história e tende a reagir a mudanças. “O disco de estreia também tem pressão, mas você está vindo de momento de acúmulo de forças.”
O cenário e bordados dos figurinos, a partir de garrafas pet, foram concebidos pela própria Vanessa. O hábito de cuidar ela mesma dos figurinos vem do início da carreira e por não achar “vestidos enormes” (ela tem 1m80). “Gosto de longo, que acho misterioso e chique. Sem encontrar o que procurava, passei a fazer eu mesma. Meu avô foi alfaiate e minha avó, costureira. Então é algo que está na minha genética”, revela. Vanessa da Mata também está assinando a direção geral do show, com coordenação musical de Kassin.
Segue o som
Show de Vanessa da Mata, sábado, às 21h. Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos entre R$ 75 e R$ 200. Informações: (31)3236-2400.